Da Agência Brasil O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Demóstenes Torres (DEM-GO), informou que o Democratas vai se reunir para avaliar a crise no Senado e um possível pedido de afastamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), do cargo.
De qualquer forma, o parlamentar ressaltou que a posição do DEM, hoje, é que Sarney se afaste das investigações de irregularidades cometidas na gestão do ex-diretor geral Agaciel Maia, bem como nas que serão feitas sobre a participação da empresa Sarcris na concessão de empréstimos consignados a servidores.
A Sarcris tem como sócio José Adriano Cordeiro Sarney, neto do presidente do Senado, e fez a intermediação dos empréstimos consignados concedidos por alguns bancos credenciados, entre os quais, o HSBC.
Segundo Demóstenes, José Sarney está impedido, uma vez que tem um neto envolvido na denúncia e, no caso de Agaciel, pelo seu vínculo de amizade com o ex-diretor. “Na terça-feira [30], o partido vai se reunir para decidir se é o caso também para pedir que ele se licencie da presidência ou até mesmo consequências mais graves.
Vai depender da análise que faremos”.
Demóstenes Torres destacou que já existem propostas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que, no seu entender, não funciona, e a representação ao Conselho de Ética que o P-SOL deverá fazer.
O debate sobre as condições políticas de Sarney de se manter na presidência do Senado começou por um pronunciamento do senador Pedro Simon (PMDB-RS).
Nele, o parlamentar pediu ao presidente que deixe temporariamente o cargo antes que sua situação “torne-se insustentável”.
Nos apartes, Sarney foi defendido pelos peemedebistas Geraldo Mesquita Júnior (AC) e Wellington Salgado (MG).
O senador acreano lembrou que José Sarney foi eleito junto com todos os parlamentares que integram a Mesa Diretora que, conjuntamente, deve responder “pelas decisões e omissões” tomadas pela Casa.
Já Wellington Salgado lembrou que, no ano passado, quando a bancada do PMDB discutia um nome para suceder Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), foi feito o convite a Pedro Simon para ser o candidato que, de pronto, rejeitou a idéia. “Vossa Excelência implorou na reunião da bancada para o senador Sarney ser o candidato e ele disse que não seria.
Nós dissemos ao senhor que o apoiaríamos e o senhor rejeitou”, disse.
Pouco antes do discurso de Simon, a crise do Senado foi tratada pelo vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).
Ele afirmou que a decisão por um eventual afastamento do cargo cabe única e exclusivamente ao presidente José Sarney.
Entretanto, cobrou do parlamentar pronunciamentos e atitudes firmes para investigar todas as denúncias que aparecem.
A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), entretanto, não pensa da mesma forma que o colega de partido.
Ela afirmou que o afastamento temporário de Sarney do cargo permitirá que as investigações sejam conduzidas e as providências tomadas.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é outro que defende a tese do afastamento do presidente do Senado.
Segundo ele “seria saudável para as investigações” se Sarney tomasse essa decisão.