Da Agência Brasil Pressionados ao verem seus nomes na lista de beneficiários de atos secretos, vários senadores se eximiram da responsabilidade e colocaram a culpa nos ex-diretores Agaciel Maia (Diretoria-geral) e João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos).

Os parlamentares também decidiram cobrar do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a divulgação do teor de todos os atos secretos existentes no Senado.

O senador Augusto Botelho (PT-RR), um dos citados da lista, ainda não oficial, apresentou requerimento à Mesa Diretora propondo que todos os atos sejam divulgados imediatamente.

Da tribuna, o ex-presidente do Senado Tião Viana (PT-AC) se disse responsável por todos os atos que assinou, mas descartou culpa na não publicação. “Foi assim que assinei tudo com o doutor Agaciel.

Não pedi para esconderem nada.

Não fui conivente com nada.

Então, sou responsável.

No entanto, se algum criminoso não levou adiante a sua responsabilidade de publicar, de dar publicidade, como manda o artigo 37 da Constituição Federal, não é culpa minha”, argumentou Viana. “Quando olhamos aqui, é impressionante como as coisas têm funcionado nesta Casa. É por isso que a instituição está passando pela agonia que está passando”, defendeu-se o petista, que também teve o nome citado na lista.

Para o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), acusado de usar a prática de atos secretos para nomear um neto de José Sarney, a publicação feita pelo jornal O Estado de S.

Paulo não foi correta.

Para ele, a lista deveria ter sido divulgada com os respectivos atos. “A lista não diz os atos que beneficiaram os senadores.

Eu, por exemplo, não ia fiscalizar as exonerações.

Fiscalizava as nomeações para dar posse”, justificou-se. “Acho que devemos ter uma reparação por parte do jornal porque até hoje não tive nenhum benefício além dos outros senadores”, completou Cafeteira.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), saiu em defesa dos senadores.

Disse que a maioria dos nomes presentes na lista não oficial está lá de “boa-fé”. “A maioria dos senadores está na lista de boa-fé.

Os senadores não têm que ficar como medo.

O que existiu foi uma má-fé dessa gente”, disse Virgílio, referindo-se aos ex-diretores Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi.

O líder tucano afirmou ainda que hoje será um dia decisivo para a permanência de Sarney à frente do Senado. “O presidente Sarney não tem três opções, só tem duas: ou ele mostra que não tem ligação com essa camarilha e começa a tomar todas as medidas duras, demite funcionário de mausóleu, sem que paire absolutamente nenhuma dúvida pesando sobre ele pessoalmente, ou esta crise vai se esticar cada vez mais e vai tornar a figura do presidente Sarney menor, menor e menor, e tornando a figura do presidente Sarney menor, menor e menor, ele vai terminar perdendo as condições de governar esta Casa,”, afirmou Virgílio.

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), também foi solidário com os senadores citados na lista de beneficiários dos atos secretos.

Para ele, a culpa pelos tais atos também foi dos ex-diretores. “Os senadores não podem ser responsabilizados pelo comportamento irresponsável dos ex-diretores, que não publicaram os atos administrativos desta Casa”.

Mercadant também divulgou uma nota ofiical, em que a bancada do PT “hipoteca irrestrita solidariedade” aos senadores petistas, que participaram da Mesa Diretora ao longo dos últimos anos e teriam assinado atos que não foram publicados.

Neste momento, os líderes partidários estão reunidos com o presidente Sarney para tratar dos resultados da comissão criada para investigar atos irregulares das administrações passadas do Senado.

Foi essa comissão, criada a pedido do primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), que descobriu a existência de atos secretos na instituição.

Esses atos foram usados para, entre outras irregularidades, nomear parentes, aumentar salários e benefícios a servidores e aos próprios senadores.