Por Ines Andrade, de Política/JC Um almoço que o núcleo político de sustentação ao governo João da Costa realiza amanhã, no Porto Ferreiro, faz parte de uma nova estratégia deflagrada para o fortalecimento da gestão municipal.
A ordem agora é mostrar que não existe crise das forças que compõem o governo e trabalhar numa melhor articulação interna que resulte em resultados positivos para a imagem do executivo municipal.
O momento exige.
Vitrine do PT e peça importante na campanha de reeleição do governador Eduardo Campos (PSB), o governo João da Costa (PT) passou por sucessivas dificuldades, não somente de ordem administrativa, mas também foi alvo de críticas de gente da própria base.
O sentido simbólico do almoço é admitido por dois membros do núcleo, tanto pelo ex-prefeito João Paulo (PT), antecessor e padrinho político de João da Costa (PT), quanto pelo presidente da Câmara do Recife, vereador Múcio Magalhães (PT). “É uma sinalização para a sociedade, para o governo, para o PT, de que não há arestas na relação entre João com João, João com Múcio ou João com Lygia”, diz o ex-prefeito. “Todo mundo comenta sobre o núcleo e ele está se mostrando, dizendo ‘estamos aqui’.
Se especula tanto sobre o núcleo que vamos mostrar que existimos”, reconhece Múcio.
Além dos dois Joões e do vereador Múcio, o grupo é composto pela secretária de Gestão Estratégica e Comunicação, Lygia Falcão, e pelo chefe de gabinete do prefeito, Félix Valente.
As especulações sobre o grupo não foram feitas à toa.
Mas a partir de manifestações dos seus próprios integrantes.
Primeiro veio a entrevista de João Paulo à Rádio JC/CBN.
Ele falou da redução do papel de Lygia na Prefeitura, antes responsável pela gestão estratégica e hoje cuidando apenas da comunicação.
Em seguida, veio uma entrevista da secretária ao JC, desvelando que o atual período de transição da gestão petista ainda gera inseguranças e confusão.
Lygia disse muito mais, falou da importância da integração e articulação interna do governo para que a comunicação (de sua responsabilidade) alcance melhores resultados. “Eu digo muitas vezes, em reunião, que não adianta fazer uma ação errada e no final querer que a comunicação dê conta de tudo”.
Somaram a essas movimentações, as insatisfações da bancada da situação na Câmara dos Vereadores, pedindo mais informação e aproximação ao prefeito, bem como as críticas do líder do PT na Casa, Osmar Ricardo, que foi à tribuna declarar que a gestão se esqueceu dos servidores municipais.
Esses dois últimos casos, porém, denotam outras preocupações embora pesem igualmente contra a imagem da gestão.
No caso da bancada, a inquietação gerada pela necessidade de se preparar diante dos ataques da oposição.
No segundo, o cuidado do vereador com sua base eleitoral.
As manifestações não pararam por aí.
Em entrevista à Rádio Jornal, João Paulo procurou mostrar a autonomia do prefeito João da Costa. “Nós temos um prefeito eleito.
Cabe a ele governar a cidade.
Ele tem autonomia total para governar a cidade”.
Ao passo que, já em função da repercussão e dos comentários gerados pela entrevista de Lygia Falcão, enfatizou o bom relacionamento entre os aliados.
Na semana seguinte, o ex-prefeito reconheceu a importância de o núcleo político que “sempre o ajudou e orientou” se aproximar mais de João da Costa, reunindo-se de forma sistemática para discutir estratégias políticas.
A aproximação do grupo – que segundo João Paulo precisa “se encostar mais” ao prefeito – pode ser interpretada como uma tentativa de socorro à gestão depois de tantas dificuldades que ela tem enfrentado.
Ao convocar o núcleo, João Paulo ressaltou os desafios vividos pelo prefeito.
Segundo ele, João da Costa pegou um período difícil, com o processo de licitação do lixo para ser tocado, com a queda na arrecadação das receitas tributárias e com a mudança de onze secretários.