Por Gilvan Oliveira e Jorge Cavalcanti, de Política/JC O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) acionou a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa para abrir processo disciplinar contra a deputada Elina Carneiro (PSB).
Um inquérito civil apura o suposto envolvimento da parlamentar na fraude em um processo judicial que a anistiaria de uma dívida de cerca de R$ 800 mil com o município de Jaboatão dos Guararapes.
O presidente da comissão, Raimundo Pimentel (PSDB), pediu um parecer da Procuradoria-Geral da Casa para avaliar se houve quebra de decoro.
O documento vai ser entregue ao deputado na próxima semana e deve sugerir que, até o momento, não há elementos suficientes para comprovar a participação de Elina. “A posição da Procuradoria vai ser baseada no que está escrito no Código de Ética.
Mas uma eventual punição só pode ocorrer depois que o envolvimento de um deputado for provado”, disse Pimentel.
Na Assembleia, a avaliação é a de que o caso tem potencial explosivo e pode decidir o futuro político de Elina.
Tudo vai depender da conclusão do inquérito civil que investiga a fraude, que incluiu a falsificação da assinatura de um procurador municipal.
Se for atestado o envolvimento de Elina, a Casa ficaria numa situação desconfortável, exposta a críticas da opinião pública, pois o fato ocorreu no exercício do mandato.
Se o inquérito não for conclusivo em relação à participação da deputada, o caso seria sepultado.
Aprovado no final de 2003, o Código de Ética estabelece três tipos de punição: censura escrita, suspensão temporária do mandato e cassação.
Na sessão da quarta-feira, Pimentel conversou com Elina sobre o caso.
Até então, o deputado argumentava que a comissão não havia sido acionada, por isso não iria se pronunciar.
Mas com o envio do ofício do MPPE, Pimentel teve que pedir um parecer da Procuradoria, órgão auxiliar do colegiado.
Ao deputado, Elina repetiu os argumentos de que a promotora responsável pelo caso, Dalva Cabral, faz perseguição política.
Ontem, o JC tentou contato com a parlamentar.
Deixou recado em seu celular, mas não houve retorno.
REINCIDÊNCIA É a segunda vez que a Comissão de Ética é acionada para apurar uma eventual quebra de decoro de Elina.
A primeira foi em junho de 2007, quando o Fórum pela Ética na Política pediu que fosse apurada a participação da deputada no caso da indenização que a Fundação Yapoatan pagaria a Solange Lopes Carneiro, irmã da deputada.
O então presidente do colegiado, André Campos (PT), não deu prosseguimento ao caso, sob a alegação de que o suposto delito teria ocorrido antes do exercício do mandato.
A comissão foi instituída em maio de 2005.
Foram três tentativas de acioná-la, mas nenhuma prosperou.
A primeira foi para apurar um suposto tráfico de influência do hoje deputado federal Bruno Araújo (PSDB) na transferência de um delegado, mas a Procuradoria isentou o tucano.
Condenado por manter 40 trabalhadores em condições degradantes, o deputado Marco Barreto (PMN) também escapou.
A alegação foi de que o delito se tratava de um “crime comum” e deveria ficar a cargo da Justiça.
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