Por Manoel Medeiros Neto, de Política /JC A crise política que atinge a PCR ganhou ontem mais um capítulo: o afastamento voluntário do vereador Osmar Ricardo da liderança da bancada do PT na Câmara.
Osmar tomou a decisão na última segunda (15), quando protocolou no diretório municipal do PT documento justificando o fato. “Eu pedi licença me afastando até que se resolva a situação dos servidores”, disse.
A bancada é a maior da Casa, composta por 5 dos 37 membros, além de possuir importância estratégica pelo fato de representar a sigla do prefeito na Casa.
O discurso que marcou a saída de Osmar da liderança da bancada assemelhou-se ao da semana passada, quando o petista não economizou nas críticas às negociações entre a PCR e o servidores em greve. “A mesa de negociação deixou de ser de negociação, é de enrolação”, atacou.
No argumento contrário à Prefeitura, Osmar cita a falta de decisão dos secretários como possível justificativa para a “enrolação”. “Os secretários que estão lá não têm poder de decisão.” Na sessão de ontem, as galerias ficaram lotadas de servidores do Sindicato dos Servidores Municipais do Recife (Sindsepre), organização sindical da qual Osmar Ricardo já foi presidente por duas vezes.
Eles estavam munidos de faixas em protesto à falta de negociação, algumas em alusão direta a João da Costa.
Em meio às críticas, o vereador Jairo Britto (PHS) defendeu veementemente a gestão do aliado: “É importante que a gente escute outra versão”, bradou em meio às vaias.
Britto defendeu a PCR com o argumento de que várias categorias - os professores e os médicos, por exemplo - já tiveram êxito na negociação.
Sobre a situação atual da bancada petista - sem liderança -, a presidente municipal do PT, Karla Menezes, anunciou que se reunirá com o grupo de vereadores. “A gente vai conversar com a bancada sobre as implicações, sobre um possível nome para a substituição”.
Como Josenildo Sinésio é líder da bancada governista e Múcio Magalhães é presidente da Casa, apenas dois nomes, excluindo-se Osmar, podem ocupar a liderança: Jurandir Liberal e Luiz Eustáquio. “Não entendi (a decisão de Osmar).
A executiva vai se posicionar”, comentou Liberal.
Já Eustáquio acredita que uma conversa entre o partido e Osmar pode pacificar o cenário. “Nenhum vereador deve perder a liderança por defender a categoria”, disse ele, que também milita em sindicatos há anos.
Durante o São João da Pessoa Idosa, ontem, o prefeito João da Costa comentou o afastamento. “Isso é uma questão interna do partido e cabe a bancada avaliar”, disse.
A desistência “temporária” de Osmar vem à tona dias depois do próprio vereador criticar a PCR e da secretária de Comunicação, Lygia Falcão, conceder entrevista ao JC com questionamentos em relação à falta de agilidade do prefeito em tomar decisões.