Por Leonardo Spinelli, na editoria de Brasil/JC Para a bancária aposentada Alcione de Barros e Silva a certeza em relação aos responsáveis pelo choque entre o Boeing 737 e o Legacy é que quem estava corrreto, hoje está morto. “A rota do Gol estava certa”, diz.
Ela afirma que faltou atenção dos controladores de vôo, que não perceberam o transponder (radar de sinalização) do Legacy desligado, da administração do Cindacta e principalmente dos pilotos do jatinho, que eram experientes mas não conheciam o Legacy.
Para os parentes, faltou atenção até mesmo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. “Com o tempo percebemos que a preocupação naquele final de semana era com a eleição presidencial.
Lula não deu uma palavra de apoio.
Nem mesmo para nós, ele que se diz pernambucano.” O ressentimento em relação ao presidente também se deve à situação dos pilotos do Legacy, os americanos Joe Lepore e Jan Paladino, que, beneficiados por um habeas corpus concedido pela Justiça Federal, voltaram aos EUA e foram recebidos como heróis.
Para os parentes, não houve interesse suficiente em segurar os envolvidos no País. “Desconfiamos das pressões externas. É muito estranho liberá-los.
Sabemos que os americanos têm muito poder”, diz a mãe de Janine Padilha, Magda Abucater Padilha.
Os dois pilotos passaram menos de dois meses impossibilitados de deixar o Brasil, quando foram liberados.
Magda afirma que pelo relatório da Aeronáutica, divulgado no fim do ano passado, fica clara que as deficiências dos controladores brasileiros e dos pilotos americanos causaram o acidente. “O relatório não foi feito para culpar, mas para apurar os fatos.
Os pilotos não conheciam a aeronave e a Anac era uma bagunça, cheia de apadrinhados”, critica.
Na época do acidente o sistema aéreo nacional vivia o ápice do que ficou conhecido como o apagão aéreo, com atrasos e confusões em todos os aeroportos nacionais. “E se eles fossem brasileiros e o acidente fosse nos EUA?
Eles estariam presos.
Como foi ao contrário, foram recebidos como heróis”, compara Juliana Teixeira. “Não há dúvidas, os pilotos têm culpa, desligaram o botão do transponder, não estavam preparados”, diz. “Agora que eles estão nos EUA não voltarão mais para ser julgados”, complementa.