Por Sérgio Montenegro Filho, no blog www.polislivre.blogspot.com Após muita polêmica com relação à divulgação antecipada de conteúdos de reportagens sobre a CPI envolvendo a empresa, o blog da Petrobras recuou, comprometendo-se a divulgar as perguntas enviadas por jornalistas - bem como as respostas na íntegra, somente no dia previsto para o material sair nas bancas.

Pois bem: uma vez que a Petrobras - em nota no seu próprio blog “Fatos e Dados” - mantém a iniciativa de continuar tornando públicas as perguntas dos jornalistas, embora com algum delay para que seja respeitado o direito ao “furo”, tomo emprestados argumentos do advogado José Paulo Cavalcanti, em artigo publicado no Blog do Noblat.

Diz José Paulo - profissional com larga experiência em questões legais envolvendo a imprensa - que em sendo real e verdadeira a disposição da estatal de revelar absolutamente tudo que lhe for questionado durante a cobertura dos jornalistas a respeito das investigações, estará dando enorme contribuição à democracia da informação no Brasil.

Embora ele próprio admita não acreditar de todo nessa intenção, por avaliar que um dos maiores problemas das corporações é a incapacidade crônica de sobrepor os interesses coletivos aos da categoria.

Por isso mesmo, se em vez de abrir toda a caixa preta, a Petrobras passar a responder seletivamente as questões levantadas pelos repórteres, silenciando em alguns casos, ficará mais que configurada a iniciativa do blog tão somente como uma estratégia de marketing, mera “perfumaria”.

E nada mais.

Cabe à imprensa, então, em vez de reclamar da iniciativa, testá-la, utilizando o próprio blog para expor a real intenção dos dirigentes da estatal.

Que tal questionar, por exemplo, os critérios adotados para nomeação de cargos de comando da Petrobras e suas subsidiárias?

Qual a capacitação técnica do atual presidente da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, para estar no cargo?

Além de presidente do PCdoB, que item do currículo deste aliado de primeira hora do Palácio do Planalto o qualificou para dirigir a agência que regulamenta a compra, venda, disciplinamento e distribuição do petróleo?

Aliás, que tal dar uma geral nos currículos dos diretores da Petrobrás e suas subsidiárias?

Há mais sugestões: Quantos são os quadros técnicos da empresa, funcionários de carreira, que ocupam cargos de direção?

E os demais, foram indicados por quais partidos?

E ainda: Quem são os funcionários que, mesmo sem ocupar cargos de diretoria, são responsáveis pelas licitações?

E qual o valor, em reais, das licitações a cargo de cada um deles?

Quantos contratos foram firmados com dispensa de licitação?

Perguntas como essas, se respondidas de forma concreta pela Petrobras, qualificarão o blog como sério, além de contribuirem para dar total transparência à maior das nossas empresas públicas.

No entanto, se ficarem sem resposta - o que não é de todo impossível - ajudarão a desconstruir mais uma investida de marketing do governo Lula, instrumento que tem jogado nas alturas a popularidade do presidente.

Ele próprio, aliás, um dos maiores interessados em evitar que se revolva alguma lama na Petrobras.