Por Manoel Medeiros Neto, de Política/JC A oposição ao prefeito João da Costa (PT), que tem atuado sem vista grossa nesses cinco primeiros meses de gestão, ganhou ontem um “aliado” inesperado: o líder da bancada do PT na Câmara Municipal do Recife, Osmar Ricardo.

Ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais do Recife (Sindsepre), Osmar foi à tribuna e dirigiu à PCR uma das mais contundentes críticas deste primeiro semestre da legislatura. “A gestão está esquecendo dos servidores municipais.

Parece brincadeira de empurrar para cá, empurrar para lá”, disse ele, em referência à demora dos secretários em responder às solicitações da classe. “Estão querendo desmoralizar os sindicatos, (falo isso) para ver se os secretários vão se acordar.

Já estão quebrando o que João Paulo deixou”, acrescentou.

Osmar aproveitou o momento para anunciar que, caso a PCR não apresente contrapartidas nos próximos dias, os servidores municipais “vão radicalizar” o movimento grevista.

A radicalização prevê “uma atitude mais brusca, como paralisar as empresas e fazer passeatas”.

O posicionamento do petista incomodou a bancada governista, que se reuniu no início da semana passada com o prefeito na tentativa de afinar o discurso. “Me preocupo muito com esse pronunciamento.

Essas questões você (Osmar) não leva para o partido.

Fica confuso e dá chance para a oposição fazer críticas”, argumentou Jurandir Liberal (PT). “Não abro mão da minha autonomia por nada”, respondeu Osmar.

O líder da bancada governista, Josenildo Sinésio (PT), também tentou apagar o incêndio. “O fim da greve é a solução que todo mundo quer.

O Recife verá os frutos dessa administração, que vai surpreender”, prometeu.

Depois do constrangimento entre os aliados, Osmar registrou acreditar que, para a sociedade, a gestão do aliado é positiva, mas não retirou o posicionamento sobre os servidores.

O secretário de Administração da PCR, Fernando Nunes, negou a falta de empenho dos secretários no caso. “Não estamos empurrando de um para outro.

Amanhã (hoje) temos uma mesa de negociação”, disse.

O polêmico discurso de Osmar complica ainda mais a conjuntura política do atual governo municipal.

No último domingo, no JC, uma entrevista em que a secretária de Comunicação e nome forte da gestão passada, Lygia Falcão, faz questionamentos sobre a administração de Costa provocou mal-estar.

No PT, Osmar Ricardo é membro da dissidência Mensagem ao Partido, a mesma da qual faz parte João Paulo e seu grupo de aliados mais próximos.