De Política/JC BRASÍLIA – Interessado em adiar ao máximo a abertura da CPI da Petrobras, o governo usou ontem a disputa pela relatoria de outra comissão parlamentar de inquérito, a CPI das ONGs, para jogar no impasse.
A base aliada obstruiu a reunião da CPI das ONGs logo que o presidente da comissão, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), se negou a votar a questão de ordem que propunha tirar o líder tucano Arthur Virgílio (AM) do posto de relator.
Como PSDB e DEM se recusam a devolver a relatoria à base governista, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou que seria “difícil” instalar a CPI da Petrobras hoje.
Para o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), o impasse pode ter vida longa, e, por tabela, a CPI da Petrobras também tem data cada vez mais indefinida para instalação.
Depois de vetar o arranjo do Planalto para entregar a relatoria da CPI da Petrobras ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), sem consultá-lo previamente, Renan e o líder governista já se reconciliaram.
Agora, os dois entoam o mesmo discurso contra o “golpe” da oposição na CPI das ONGs. “Não tem muito sentido fazer essa investigação política no momento em que o Brasil se prepara para sair da crise e voltar a crescer, e quando o nível de satisfação das pessoas com o governo e com o presidente Lula é recorde”, disse Renan ontem, destacando que seu PMDB não tem qualquer demanda junto ao governo. “Estamos satisfeitos com o que temos”, afirmou o líder, referindo-se aos cargos do partido.
Depois de endurecer o jogo na CPI das ONGs, recusando-se até a considerar uma questão de ordem dos governistas para trocar o relator, Heráclito Fortes jogou a toalha, mostrando que a oposição não deverá conseguir instalar hoje a CPI da Petrobras.