De Política/JC O presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa (PDT), foi à tribuna ontem defender o fundo de previdência complementar da Casa e assumir a paternidade do Alepeprev – como foi batizado.
Uchoa também fez críticas à imprensa e ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), Jayme Asfora, que declarou que o fundo – que prevê por parte da Assembleia a contribuição retroativa de deputados e cargos comissionados até 2001 – é contra a moralidade pública. “A iniciativa foi minha porque acho que não existe modo mais justo”, disse Uchoa.
Para o presidente, o deputado necessita de uma fonte de renda para não ficar na “miséria” quando perder a eleição. “O deputado perde o mandato e, se o presidente (da Assembleia) não convocar para ser assessor de gabinete ou dá a mão, sai na miséria”, discursou.
Uchoa lotou na Casa ex-parlamentares por critérios políticos, a exemplo de Dilma Lins – nomeada assistente técnica no setor de Comunicação Social do Legislativo.
Dilma retomou o mandato no início do ano.
Sempre na linha de frente na defesa dos interesses dos pares, o presidente ainda questionou a imprensa, apontando o Legislativo como o Poder mais “vulnerável” a críticas na mídia porque “não cobra imposto ou julga processos”.
E disparou contra Jayme Asfora. “O governador deveria pedir para ele voltar a trabalhar”, afirmou, referindo-se à licença com vencimentos de Jayme da Procuradoria do Estado para presidir a OAB.
Os dois já entraram em atrito em 2007, quando a Assembleia resistia em acabar com o nepotismo.
Depois do discurso, Uchoa foi aplaudido e cumprimentado pelos deputados.
Pedro Eurico (PSDB) e André Campos (PT) também criticaram Jayme.
O presidente da OAB alegou que seu pedido de licença foi aceito por ser legal e manteve a posição de que o Alepeprev é inconstitucional por bancar com dinheiro público a contribuição retroativa de deputados e cargos comissionados. “O Legislativo deveria ser o espaço do contraditório.
Mas ele (Uchoa) sempre tenta me desqualificar”.
O diretor-presidente do Alepeprev, Gildo Dantas, se negou ontem a prestar mais informações sobre o fundo.
Após a sessão, Gildo disse que só repassaria qualquer dado mediante autorização prévia de Uchoa, que já não estava mais na Casa.
Por celular, o JC entrou em contato com Gildo e o procurou também por meio da assessoria do Legislativo.
As ligações não foram atendidas.
Também tentou contato telefônico com Uchoa, mas não obteve êxito.
A assessoria assegurou que também não localizou o deputado.
No último domingo, o JC publicou matéria sobre o fundo.
Escalado pela mesa diretora, Gildo respondeu às perguntas, mas não informou o total de contribuição retroativa já solicitado pelos deputados.