Da Reuters O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta segunda-feira que não houve precipitação da parte dele no anúncio, na semana passada, de que as buscas detectaram destroços do avião da Air France que caiu no oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo.
Ao ser questionado sobre as críticas da mídia brasileira e francesa, o ministro usou uma metáfora. “Tenho que confessar a vocês que tenho 20 e tantos anos de vida pública e tenho costas de crocodilo e arrogância de gaúcho”, disse, citando uma definição a seu respeito dada por um ex-colega do Supremo Tribunal Federal.
Ele considerou “irrelevantes” as acusações de precipitação e disse que decidiu dar uma satisfação às famílias das vítimas, mesmo admitindo que nos trabalhos técnicos há uma diferença entre avistar um objeto no mar e aferir a sua procedência. “Você tinha um problema a resolver.
Você tinha a angústia das famílias e eu optei pela angústia das famílias”, disse o ministro para, em seguida, dizer que os destroços foram confirmados.
Sem dar detalhes, disse que este é momento de as buscas encontrarem os corpos, de eles retornarem à superfície.
Dezesseis já foram encontrados. “Fala-se que seguramente irá se encontrar mais corpos”, disse.
Para outras questões que cercam a queda da aeronave, Jobim foi mais comedido, lembrando que seu último contato com as equipes foi no domingo.
Remeteu muitas das perguntas à Marinha e à Aeronáutica, responsáveis pelas buscas, como indicar quando tempo devem levar os trabalhos no mar. “Quem vai decidir isso é o serviço da Marinha e da Aeronáutica que têm os padrões técnicos para o momento do encerramento, eu não conheço.” Jobim condicionou as buscas pela caixa preta à chegada, prevista para a quinta-feira, de um submarino francês equipado com sonares e que deverá se dedicar a esse trabalho.
Questionado se havia a possibilidade de cobrar a Air France pelos esforços de busca, que envolvem aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) e navios da Marinha do Brasil, Jobim foi vago. “Eu examinei este assunto.
A responsabilidade internacional brasileira é nesta área, são águas da zona econômica exclusiva brasileira. É um assunto que vamos examinar após”, afirmou.
As buscas contam com 14 aeronaves, sendo 12 da FAB e duas da França.
O navio-patrulha Guaíba está substituindo o Grajaú, que retorna para Natal.
Por mar, a operação conta com cinco navios da Marinha brasileira e uma fragata da Marinha da França.