De O Estado de S.
Paulo A alta nos preços do açúcar motivada pela queda na produção mundial está ajudando o setor sucroalcooleiro a escapar da crise.
Nesta safra, pela primeira vez em quatro anos, as usinas estão reduzindo a produção de álcool e destinando mais cana para fazer açúcar.
A boa cotação do produto brasileiro, que acumula alta de mais de 50% na atual safra em relação à anterior, vai garantir uma receita extra de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 4 bi) apenas com as exportações.
De acordo com Plínio Nastari, presidente da Datagro, uma das principais empresas de consultoria do setor, o Brasil vai exportar 20% mais de açúcar este ano, com um valor entre 15% e 20% maior que no ano passado.
A receita deve subir de US$ 5,48 bi para US$ 7,57 bilhões.
A produção brasileira, na safra atual em relação à anterior, subirá de 31,1 milhões de toneladas para 35,9 mi/ton, conforme a previsão da Datagro.
Já as exportações crescem de 20,4 mi para 24,5 mi/ton.
Nastari conta que os preços reagiram à queda na produção nos principais mercados produtores.
A Índia, que havia produzido 26,4 milhões de toneladas na safra 2007/08, produziu apenas 14,5 milhões na última safra.
Como o ciclo produtivo da cana naquele país é muito curto - 18 meses, enquanto no Brasil chega a 72 meses - a elevação nos preços do trigo, milho e algodão levou muitos produtores a migrarem para essas culturas.
A Índia consome 22,5 milhões de toneladas e foi obrigada a importar açúcar.
Outros países estão com estoques baixos: o México reduziu a produção em 3,1 milhões de toneladas e a China, em 2,3 milhões.
No momento, segundo Nastari, o Brasil é o único país com crescimento significativo na produção e exportação de açúcar. “Mesmo assim, esse crescimento é insuficiente para fazer frente ao déficit mundial.” Como as usinas brasileiras têm tecnologia para adaptar rapidamente seu mix, a produção foi ajustada para atender à maior demanda.
Ele explica que a matéria-prima do açúcar e do álcool é a mesma: o caldo extraído da cana na moagem.
A partir daí, a produção se diferencia por uma decisão da empresa que leva em conta o mercado.
A produção de álcool, que em 2008 absorveu 60,4% da cana moída, este ano vai se limitar a 57,2% - o restante irá para o processo de cristalização.
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