Por Adriana Guarda/ Economia Prestes a fazer dois anos que foi anunciada, a fábrica da Cooperativa Central Mineira de Laticínios (Cemil), em Caruaru, ainda não saiu do papel.
A escolha do terreno e o conturbado processo de desapropriação da área emperraram a implantação do empreendimento, que também foi disputado pelos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará.
Na época do anúncio, a previsão era iniciar a construção em dezembro de 2007 e inaugurar o laticínio no final de 2008.
De acordo com informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Caruaru, a expectativa é que dentro de 15 dias a Procuradoria do Município conclua o processo de regularização do terreno para repassar a escritura à Cemil.
Depois de resolvido o imbróglio, a empresa espera construir a unidade em 12 meses. “Estamos tentando acelerar o processo de regularização da área, que já pertencia à Prefeitura, mas tinha pendências legais.
Com isso, vamos repassar a escritura definitiva do terreno para a Cemil e o governo do Estado poderá fazer a terraplenagem da área”, observa o secretário de Desenvolvimento de Caruaru, Franco Vasconcelos.
Ele também destaca que será necessário rediscutir a concessão de incentivos fiscais para a empresa.
O primeiro terreno oferecido à Cemil estava na área do distrito industrial, que já conta com legislação fiscal definida, mas não tinha boa oferta de água. “Vamos avaliar se é possível conceder os incentivos”, diz.
O presidente da Cemil, João Bosco Ferreira, diz que aguarda um posicionamento da Procuradoria de Caruaru para rediscutir o projeto. “Espero que até o final deste mês possa ir a Pernambuco para tratar da implantação.
Ainda não começamos nenhum trabalho com os produtores de leite para incentivar a captação, mas acredito que não vai faltar matéria-prima”, avalia.
Num primeiro momento, a Cemil vai captar 100 mil litros de leite por dia.
O laticínio, com investimento inicial orçado em R$ 50 milhões e geração de 150 empregos diretos, vai fabricar leite longa vida e produtos lácteos.
Outro projeto da empresa é produzir sucos de fruta a base de soja.
O presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo em Pernambuco (Sescoop/PE), Malaquias Anselmo, destaca a importância da Cemil porque será o primeiro grande empreendimento dentro do sistema cooperativista. “A chegada da Perdigão/Batavo e outras empresas é importante, mas a Cemil chega como uma alternativa ao sistema mercantil”, defende.
Em Pernambuco, a Cooperativa do Agronegócio do Leite (Cooleite) foi criada para agregar os produtores da bacia leiteira.
Criada em 1992, a Cemil tem uma fábrica no município mineiro de Patos de Minas.
Com a implantação da planta de Caruaru, o plano da empresa é, num prazo de três a quatro anos, dobrar a participação de mercado.
A unidade pernambucana vai atender ao mercado nordestino, que responde por cerca de 15% do faturamento anual da companhia.
No primeiro ano de operação, a estimativa é faturar R$ 80 milhões com a nova indústria.
Ao lado da Perdigão/Batavo e da Betânia, a Cemil vai alavancar a bacia leiteira pernambucana, que produz cerca de 1,3 milhão de litros por dia.
Outras empresas locais, a exemplo da Bom Leite (em São Bento do Una) e Natural da Vaca (Gravatá) também têm estimulado o desenvolvimento da atividade.