De Renato Lima / JC A Petrobras recebeu as propostas para a construção dos principais equipamentos que vão compor a Refinaria Abreu e Lima.

E não recebeu boas notícias: alguns itens tiveram queda de preço, mas o valor global de compra aos fornecedores ainda está acima do previsto.

Agora, a equipe de implantação do empreendimento está analisando as licitações e a própria economicidade (relação custo-benefício) da refinaria.

Caso seja constatado que os preços continuam inviáveis, o empreendimento deve atrasar ainda mais - o tempo que durar novas renegociações com fornecedores.

Originalmente, a refinaria deveria ficar pronta em agosto de 2010.

Hoje, as previsões mais realistas já levam em consideração o ano de 2012.

A refinaria é um empreendimento único, mas que teve estratégia de implantação feita em pacotes.

Dessa forma, a Petrobras lançou, por exemplo, uma licitação para a construção dos tanques de petróleo e outra para a construção da casa de força.

As licitações foram lançadas em novembro e dezembro do ano passado, mas os preços vieram acima do esperado pela Petrobras.

Após negociações, a estatal chegou a assinar em março cinco grandes contratos, totalizando R$ 2,89 bilhões em obras para a instalação do empreendimento.

Já haviam sido assinados os contratos da terraplenagem e casa de força.

Mas o coração da unidade, as torres de destilação e as unidades de hidrotratamento e coqueamento retardado, foram canceladas no final de março e aberto novo processo de licitação.

As ofertas foram enviadas e estão em análise por comissões da Petrobras.

A definição do escopo do serviço e o fato de negociar preços quando a economia está menos aquecida do que o ano passado ajudou a reduzir alguns custos.

Mas, no todo, ficaram acima do que pretendia a Petrobras.

Enquanto os pacotes estão em análise a empresa não se pronuncia.

Mas, de acordo com uma fonte da Petrobras, o fato de alguns itens ficarem acima do esperado afeta a implantação do projeto como um todo.

Não adianta comprar um pacote mais barato e outro mais caro, já que o custo final do empreendimento pode ficar mais elevado do que estava previsto no Plano de Negócios da Petrobras para 2009-2013.

Para tomar a decisão, a empresa leva em conta o retorno econômico do empreendimento, que envolve estimar o custo esperado do barril e o valor agregado com o refino.

A partir de quanto se espera que o negócio vá gerar, é possível saber o quanto se está disposto a pagar.

A Abreu e Lima já previa uma economicidade boa, pois vai produzir 70% de diesel – o derivado de maior importação do Brasil.

Mas, com um preço muito elevado, é necessário checar novamente o retorno da refinaria e verificar se ainda assim, pelos preços atuais, vale a pena continuar.