De Cidades/JC Os médicos dos ambulatórios e do Programa Saúde da Família do Recife suspenderão o atendimento, durante uma semana, a partir da próxima segunda-feira.

No mês passado, a categoria realizou três paralisações de advertência, de 48 horas cada.

Os profissionais pedem a equiparação salarial com os trabalhadores do Estado.

A decisão de decretar a greve foi tomada, ontem pela manhã, durante assembleia na Associação Médica de Pernambuco.

No primeiro dia de paralisação, os médicos vão realizar uma manifestação na Policlínica Helena Moura, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife.

O ato contará com a participação do boneco João Doentão, confeccionado pelo Sindicato do Médicos de Pernambuco (Simepe) para satirizar a situação da saúde da capital.

Uma outra assembleia será realizada na próxima semana para decidir se os profissionais das emergências também vão suspender o atendimento.

O dia da reunião ainda será definido pelo sindicato.

Segundo o diretor do Simepe, Tadeu Calheiros, os profissionais resolveram fazer a greve, porque a proposta feita pela Secretaria de Saúde do Recife não agradou. “Há um avanço nas negociações, mas a proposta feita pela secretaria não é o que pleiteamos para os médicos do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) e dos Postos de Saúde da Família”, explicou.

Atualmente, os médicos diaristas do Estado recebem R$ 3.060, enquanto os da prefeitura ganham R$ 1.900.

Os plantonistas do Estado têm salário de R$ 3.800 e os da PCR, de R$ 2.900.

Os médicos do Samu recebem R$ 3.700 e os dos PSFs, R$ 5.484.

Na proposta entregue pela prefeitura, os salários dos plantonistas passariam para R$ 3.800.

Os diaristas ganhariam R$ 2.966.

Os vencimentos dos médicos do Samu chegariam a R$ 4.682 e os dos trabalhadores dos PSFs a R$ 6.516.

Para o secretário de Saúde do Recife, Gustavo Couto, a paralisação é uma surpresa. “Oferecemos reajustes que não foram dados a nenhuma outra categoria.” O secretário garantiu que pedirá reforço ao Estado e a cidades vizinhas.

Enquanto os médicos e prefeitura não entram em acordo, os pacientes sofrem com a demora no atendimento nas unidades de saúde.

Ontem à tarde, a manicure Maria da Conceição Corrêa, 35 anos, esperou mais de duas horas na Policlínica Amaury Coutinho, na Campina do Barreto, Zona Norte do Recife.

A mulher, que sentia fortes dores nos rins, afirmou já está acostumada com a morosidade do serviço. “É sempre essa demora.

Com a greve, só quem se prejudica é a gente, que precisa de médico”, lamentou.

O autônomo Edimilson Moura de Andrade, 39, que esperava ser atendido ontem na mesma unidade, teme a piora da situação dos pacientes na próxima semana, a partir da deflagração da greve. “ Sem os médicos não somos nada.

Não temos para quem recorrer”, disse.

Segundo a Secretaria de Saúde do Recife, a rede municipal conta com 1.212 médicos e possui 15 policlínicas.

Dessas, oito são de pronto-atendimento.