De Política / JC O advogado Washington Amorim, ex-procurador-geral de Jaboatão dos Guararapes, apresentou ontem sua versão sobre a suposta fraude em um processo judicial que livraria a deputada estadual Elina Carneiro (PSB) de uma dívida de R$ 800 mil com o erário do município.

Em nota ao JC, afirmou que a petição onde, segundo a Procuradoria de Jaboatão, houve a falsificação da assinatura do procurador municipal Edson de Sousa Melo, foi retirada do prédio da Procuradoria, assinada e levada ao Judiciário por “pessoas interessadas em criar fato político contrário à deputada e a seu pai”, o ex-prefeito Newton Carneiro (PRB).

Amorim revela detalhes do caso.

Primeiro, confirma a reunião entre ele, Elina e o advogado dela, Mário Gil Rodrigues, para tratar do reconhecimento pelo município da prescrição da dívida.

Detalha que, ao final do encontro, foi digitada a petição – que se tornaria o pivô da suposta fraude – e assinada por Gil Rodrigues.

Ele reafirma não tê-la assinado por discordar dos seus termos.

E diz que, “para não ser indelicado, mesmo certo da impossibilidade do pedido”, levou-a à Procuradoria prometendo a Elina e Gil analisá-la com mais calma.

Após isso, Amorim afirma ter recebido de Elina o pedido para desconsiderar o acordo. “Fui procurado pela deputada, a qual, por razões pessoais, familiares e políticas, pediu para eu não mais analisar ou assinar a dita transação”, declara.

Ele informa que deixou a petição assinada por Gil Rodrigues na Procuradoria e desconsiderou o assunto, tendo em vista o pedido da deputada.

Mas afirma que o documento fora retirado e levado à Justiça sem o seu conhecimento ou de qualquer procurador municipal. “Estranhamente, alguém encontrou, dentre os vários documentos da Procuradoria, a mencionada petição, deve ter aposto a assinatura nela constante e promovido a sua apresentação no fórum”, diz, sem citar nomes.

Amorim assegura que ninguém da Procuradoria Municipal tentou despachar com o juiz a petição anistiando o débito de Elina.

E destaca que não chegou a se concretizar “vantagem ou prejuízo ao erário”.

Elina manteve o silêncio ontem.

A deputada foi abordada quando saía do Fórum do Recife.

Ela participaria de uma audiência em um processo por calúnia que move contra o ex-secretário de Saúde de Jaboatão Ulisses Tenório.

Disse, apenas, que a nota de Amorim serviria como seu esclarecimento sobre o caso.

OAB A assessoria do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), Jayme Asfora, informou a abertura de um processo no conselho de ética do órgão para apurar a conduta de Gil Rodrigues no caso.

O relator é o advogado José Erlânio de Alencar, conselheiro estadual da OAB, radicado em Petrolina.

Gil foi procurado, mas não atendeu as ligações nem deu retorno.