De Política/JC BRASÍLIA – Sem consenso na base aliada para indicar os senadores que vão ocupar a presidência e a relatoria da CPI da Petrobras, o governo fechou acordo ontem com a oposição e adiou para a próxima quarta-feira (10), véspera do feriado de Corpus Christi, a instalação da comissão de inquérito.
A estratégia do governo é tentar postergar ao máximo a abertura da CPI da Petrobras, inviabilizando seu funcionamento.
Para isso, os governistas contam com um calendário este mês recheado de festas juninas, quando o Congresso fica esvaziado, além do feriado da semana que vem.
O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), permanecia ontem irredutível na decisão de vetar o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), para a relatoria da CPI que vai investigar supostas irregularidades na Petrobras e na Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Para não dar o cargo a Jucá, Renan trabalhava com a hipótese de o PMDB ficar com a presidência da comissão, que ficaria a cargo do senador Paulo Duque (PMDB-RJ).
Suplente do governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), Duque tem um perfil mais adequado à presidência do que à relatoria da CPI, na avaliação de Renan.
Se houver uma troca de posições no comando da CPI da Petrobras, o bloco de apoio ao governo deverá indicar o relator.
Uma das hipóteses é o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) – que hoje é suplente na CPI da Petrobras, mas poderá virar titular – ser o escolhido do bloco.
Na avaliação de um aliado do Palácio do Planalto, Arruda tem “know how em enterrar CPI”.
Durante um ano e meio, o comunista foi o relator da CPI das Organizações Não Governamentais (ONGs), brecando qualquer investigação.
Além disso, Renan espera ter o controle sobre Arruda, uma vez que a ANP é feudo político do PCdoB, que poderá perder espaço e cargos na agência com o aprofundamento das investigações. “A certeza da instalação (da CPI da Petrobras) precipitará o acordo”, disse Renan, ao observar que não há definição sobre qual posto de comando da comissão será ocupado pelo PMDB e pelo bloco de apoio.