(Clemilson Campos/JC Imagem) De Economia/JC Quem circulou ontem a tarde pelo mall do shopping Paço Alfândega se deparou com um lojista acorrentado em uma das pilastras do empreendimento – que já foi conhecido por abrigar lojas voltadas para a classe A.

A cena, de difícil compreensão para boa parte dos que a presenciaram, era, na verdade, mais um capítulo de uma briga jurídica travada entre alguns lojistas e a administração do Paço Alfândega.

De um lado, o empresário Givaldo Guilherme dos Santos, proprietário da Chocolate Café Club, exigia o cumprimento de uma liminar conquistada na noite da terça-feira e que religaria a energia do seu empreendimento – cortada desde o dia 28.

Do outro lado, o Paço alega ter problemas para receber os débitos do lojista desde 2005, algo que já totalizaria R$ 102.605,72.

No total, a administração soma oito ações de despejo contra lojistas com problemas de pagamento das despesas.

Por volta das 15h50, o empresário Guilherme dos Santos se acorrentou a uma pilastra, com a boca fechada por uma fita isolante, e expondo uma placa “pedindo que o Paço cumprisse a determinação judicial”. “O oficial de Justiça esteve aqui hoje pela manhã e não conseguiu citar as partes envolvidas.

Estou tendo um prejuízo diário de R$ 1.800 sem poder abrir a loja”, explicou o empresário.

Segundo ele, circulam pelo seu estabelecimento cerca de 200 pessoas por dia.

Depois de mais de uma hora de protesto e um pouco de barulho, e a presença do oficial de Justiça, a energia foi religada.

O lojista alega que desde o ano passado vem enfrentando problemas com a administração do empreendimento, que teria alterado o preço cobrado pelo espaço. “O valor saiu de R$ 4.800 para cerca de R$ 8.000, sem haver separação de gasto com energia, água, condomínio e o aluguel, algo que estou exigindo que eles apresentem”.

Foi em cima desses argumentos que o advogado Cézar Casanova obteve terça-feira uma liminar para que a administração voltasse a ligar a energia do estabelecimento.

Ele alega que vem depositando os valores devidos em juízo, algo que foi negado pelo shopping.

A advogada Érika Ferraz, que atua em defesa do Paço Alfândega, argumentou que o lojista teve diversas oportunidades de quitar seus débitos com a administração e não o fez. “Ele assinou vários acordos de pagamento e não cumpriu.

Com relação ao processo judicial, chegou a ter a primeira liminar negada na 29ª Vara e não entrou com agravo de instrumento.

Ao contrário disso, entrou com uma nova ação”, explica Érika.

O Paço vai recorrer da decisão e ainda tentar acelerar a ação de despejo já em tramitação. “Não é mais interessante para o shopping ter esse lojista aqui dentro.

Esgotou qualquer possibilidade de acordo para renovação do contrato”.

Segundo os documentos, o contrato do lojista se encerrou desde janeiro. “Ele teria que ter quitado seus débitos até julho de 2008 para entrar com ação renovatória”, argumenta a advogada.

Ela alega que há três meses a administração vem entregando as contas separadas, detalhando valores de água, energia e custos do condomínio.