Por Sérgio Montenegro Filho, no www.polislivre.blogspot.com A briga entre as bancadas do governo e da oposição no Senado em torno da instalação da CPI da Petrobras já era de se esperar.
Afinal, empoleirados na desculpa de apurar superfaturamentos em obras da estatal, o que os senadores querem, mesmo, é usar a investigação como trampolim político para as eleições de 2010.
Uma manobra que todo mundo está cansado de saber.
O que ficou mais estranho é o confronto dentro da bancada governista.
Não bastasse ter que contornar as investidas dos adversários, o Palácio do Planalto agora se vê às voltas com uma briga entre os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, ambos do PMDB lulista, que disputam o comando da CPI.
Ora, se a intenção do governo, desde o início das discussões, era esvaziar qualquer iniciativa de investigação da Petrobras, por que raios dois senadores peemedebistas, que apóiam o presidente Lula, se digladiam tanto pelo comando de uma CPI cujo objetivo exclusivo é o de assar mais uma imensa pizza?
A resposta é óbvia: poder.
Diante dos holofotes garantidos pela CPI.
Renan, eterno líder do PMDB no Senado, nunca fica satisfeito com a força que tem.
Sempre quer mais.
Jucá, líder do governo, é um dos parlamentares mais servis ao Planalto, e a sua participação garantiria ao presidente algum controle sobre o poderio de Renan, em quem o governo não confia para comandar as investigações.
Enquanto durar essa medição de forças, a pequena oposição - autora do requerimento da CPI - nada pode fazer além de permanecer em compasso de espera.
Ou quase nada.
Quer colaborar com os governistas nessa infindável tarefa de desgastar a imagem do Senado com brigas internas.
Como?
Obstruindo as votações no plenário como forma de protesto contra a obstrução dos trabalhos da CPI pela base aliada.
Parece piada, mas os senadores justificam que a obstrução de pauta é um “instrumento parlamentar” legítimo.
E como é utilizada pelo governo, por que não pela oposição?
Afinal, se as leis - que interessam ao cidadão - deixam de ser votadas por conta de disputas políticas internas, quem paga mesmo a conta não são os senadores, e sim o povo…