(Marcello Casal JR/ABr) De Política/JC BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou avisar ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que não tolera críticas públicas entre ministros e ataques ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), carro chefe da candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em 2010.

Amanhã, Lula e Minc terão uma conversa decisiva, no Centro Cultural Banco do Brasil, sede temporária da Presidência da República, segundo um assessor.

Antes de viajar para a América Central, Lula foi surpreendido, na semana passada, com ataques de Minc às obras de infraestrutura do governo, como a construção da BR-319 e de hidrelétricas no Rio Araguaia.

Por telefone, Lula pediu “tranquilidade” aos ministros que sofreram críticas.

O presidente orientou Dilma, Edison Lobão (Minas e Energia), Alfredo Nascimento (Transportes) e Reinhold Stephanes (Agricultura) a não reagirem até ele ouvir o ministro do Meio Ambiente.

Lula não tem estilo de demitir ministros para resolver uma crise política, observou um assessor.

Mas a decisão de marcar a audiência foi uma forma de deixar claro sua irritação com a postura de Minc.

As declarações do ministro do Meio Ambiente foram dadas às vésperas do 7º balanço parcial do andamento das obras do PAC.

O levantamento será divulgado hoje.

O próprio Lula comandou ontem a “operação abafa”.

Em entrevista na Guatemala, o presidente se esforçou para demonstrar que não há “problema” no governo, mas “visões diferentes”.

Disse que não iria “puxar a orelha” de ninguém, pois quando era criança, de tanto apanhar do pai, ficou com a orelha “meio caída”. “Tenho muitos filhos, toda a vez que o pai sai de casa a meninada faz algazarra mais do que deveria”, disse.

As declarações polêmicas do ministro do Meio Ambiente, porém, foram dadas na quinta-feira passada, quando o presidente ainda estava no País.

Lula não disfarçou o incômodo com a “visão diferente” de Minc. “O que eu acho é que às vezes você não pode externar a sua visão sem saber que repercussão ela pode ter no outro, e isso vale para todo mundo”, afirmou o presidente.