Cidades/JC O diretor de Meio Ambiente do Recife, Mauro Buarque, informa que a central de lixo sugerida para a APA Engenho Uchôa faz parte do projeto de tratamento de resíduos sólidos da cidade.

A proposta prevê ampliação da coleta seletiva (para reduzir o volume de detritos logo na origem), implantação de um novo aterro sanitário público, além da geração de energia, água gelada e ar comprimido a partir do lixo, para uso de indústrias.

Segundo ele, o aterro sanitário na APA – chamado Estação de Transbordo – consiste num grande galpão fechado, com pressão negativa, que só permite a entrada do ar. “Não haverá saída, porque um compressor suga o ar para dentro”, explica.

No local, uma cooperativa de catadores de material reciclável fará a última triagem, antes de os resíduos serem levados para um triturador.

A sobra deverá ser incinerada. “O consórcio espera receber 1.200 toneladas de lixo por dia, levando em consideração a ampliação da coleta seletiva.

Hoje, o Recife produz 2.500 toneladas de resíduos por dia”, declara.

Mauro Buarque esclarece que, de acordo com o projeto de tratamento de resíduos sólidos, a Estação de Transbordo deve ser construída na capital. “O município vai arrecadar ISS (Imposto sobre Serviços) de todo o material tratado na estação”, diz.

No entendimento da prefeitura, o aterro sanitário público é importante para eventuais problemas com o aterro particular. “É a garantia de que teremos um lugar para levar o lixo, havendo qualquer problema.” Caberá à prefeitura entregar o lixo na porta da empresa.

Sobre a escolha da Mata do Engenho Uchôa para abrigar a Estação de Transbordo, ele disse que a proposta é usar dois hectares da APA, onde não há vegetação, no trecho próximo da BR-101.

Outros dois hectares, que completam a área total de quatro hectares da usina, ficariam fora dos limites da APA. “O engenho tem 192 hectares”, destaca Mauro Buarque. “O orçamento da gestão resíduos sólidos é estimado em US$ 20 milhões.

Teríamos direito a um percentual desse valor, de 0,5% ou 1%, a ser definido no licenciamento, como compensação.

A verba pode viabilizar a implantação da Unidade de Conservação Engenho Uchôa”, afirma.

Ele acrescenta que o projeto da Estação de Transbordo será discutido com a sociedade. “Estamos abertos a críticas”, declara.

Os riscos do empreendimento serão levantados no Estudo de Impacto Ambiental que o Consórcio Recife Energia terá de contratar.

A prefeitura analisava outras duas áreas: uma perto da Ceasa, descartada porque o Estado tem projeto para um hospital metropolitano na região, e outra na Zona Norte, descartada por ser uma Unidade de Conservação florestada.