Maria Eduarda Costa, do JC Quantos turistas visitariam uma praia com ruas esburacadas no acesso, pouca iluminação e rede de esgoto precária?
Mesmo assim, o balneário de Porto de Galinhas, em Ipojuca, Litoral Sul, acumula prêmios em eleições que escolhem as melhores praias do País.
Na alta estação, o balneário chega a receber por dia até 30 mil pessoas do Brasil e do exterior.
Os turistas que se hospedam em uma das centenas de pousadas, hotéis, chalés e resorts gastam cerca de US$ 100 por dia. “O que acontece é que quando o turista chega aqui vê apenas as ruas perto da orla.
Lá foram feitas todas as reformas e está tudo bonitinho”, justifica Juliana Ramos dos Santos, 25 anos, funcionária de uma pousada na vila de Porto.
Ela conta que os buracos na rua onde trabalha e a iluminação precária dão sensação de insegurança aos hóspedes. “Eles perguntam se é seguro andar por aqui.
A rua é tranquila, mas os outros problemas passam a impressão que a prefeitura relaxou também com a segurança”, conta.
As deficiências de infraestrutura da vila têm assustado os turistas, que preferem hotéis de maior porte, distantes do Centro. “As pessoas não visitam a vila, não consomem, ficam presas nos resorts”, reclama Juliana. “Os turistas estão sempre atentos a tudo e questionam a gente sobre falhas que veem”, explica o bugueiro Riomar Torres, 38. “Todos os hóspedes reclamam do acesso.
Quando chove, a rua enche de água e até invade algumas casas”, afirma Roberto José da Silva, 30, que trabalha em outra pousada na vila.
A má impressão começa bem antes.
A duplicação de dois trechos da PE-38 tem dificultado o acesso ao balneário, obrigando os carros a enfrentar estrada de barro esburacada e sem acostamento.
A Secretaria Estadual de Transportes afirma que não sabe precisar quando a obra será concluída, mas garante que termina ainda este ano.
Após chegar à vila, a dificuldade é encontrar a pousada para a qual a reserva foi feita.
Os administradores precisam citar pontos de referência porque não há como identificar as ruas. “Só as principais têm placas e poucas têm lixeiras”, aponta Juliana dos Santos.
Segundo ela, há um ano a Companhia Pernambucana de Saneamento incluiu a vila na rede de distribuição de água.
Antes era preciso cavar poço e usar bomba para retirar a água.
O sistema de esgoto ficou na promessa.
Todas as construções são obrigadas a instalar uma fossa.
A Prefeitura de Ipojuca chegou a lançar licitação e contratar a empresa Guatama para instalar a rede de esgoto, mas, por causa de problemas judiciais que a empresa enfrentava, os contratos foram suspensos e as obras, paralisadas. “Simplesmente abandonaram a obra, deixaram tudo aberto e cada morador que cuidasse de resolver o que passasse a incomodar”, conta Fernanda Campos, 31, que mora perto da Praça Sete. “Aqui fica intransitável quando chove.
Minha patroa chegou a entrar em contato com a prefeitura e eles ficaram de tomar providências, mas acabaram não vindo”, afirma a doméstica Josiene Cordeiro Reis, que trabalha em uma casa perto da Praça Quatro.
Elas também chamam a atenção para o abandono das praças, tomadas pelo mato. “Recolhemos o lixo para que as crianças não se machuquem.
A prefeitura só manda gente aqui para fazer a limpeza uma vez por ano”, reclama Fernanda Campos.
Com relação à coleta do lixo, ela diz que funciona parcialmente. “Eles recolhem o lixo doméstico, se colocarmos na praça ou na esquina da rua”, avisa.
Apesar da afirmação dos moradores, na última terça-feira havia sacos de lixo amontoados em vários pontos da vila.