De Política / JC O prefeito do Recife, João da Costa (PT), procurou afastar ontem a leitura de que tenha recebido uma herança maldita do seu antecessor e padrinho político João Paulo (PT).

As sugestões surgiram depois de sucessivas dificuldades enfrentadas pelo atual gestor, tais como a suspensão do adiantamento do 13º salário, a irregularidade na coleta do lixo e as greves salariais dos funcionários públicos.

Em entrevista à Rádio Jornal, João da Costa culpou a crise econômica mundial, que reduziu as receitas do município e impôs um novo ritmo de trabalho. “O ex-prefeito deixou uma herança maravilhosa porque eu estou dando continuidade a um conjunto de obras”, defendeu Costa. “Agora a gente vive num outro ritmo de trabalho.

Até o final da gestão de João Paulo, a receita estava crescendo 15% real, por ano.

Este ano caiu 11%”.

Diante dessas circunstâncias, Costa alega que foi preciso “readequar uma estratégia” para evitar que a cidade mais adiante fique sem dinheiro para pagar a folha salarial ou enfrente situação de ingovernabilidade.

JOÃO POVÃO João da Costa rebateu as críticas da bancada de oposição da Câmara dos Vereadores, que criou o boneco João Lixão como uma forma de atacar o governo pelos problemas na coleta do lixo da cidade.

O prefeito também foi alvo dos profissionais da saúde, com o João Doentão. “Eu vou ser conhecido no final (do mandato) como João Povão, aquele que está do lado do povo”.

Conceito que talvez esteja querendo trabalhar com a agenda que preparou para hoje, quando almoça no Mercado da Boa Vista, às 12h30.

O prefeito encara agora como natural a criação do boneco.

Mudança de estratégia, pois anteriormente preferia não comentar. “Às vezes o movimento social busca sátiras.

Eu já fui do movimento social, já fiz muito disso também quando estava na oposição.

Mas o importante é a gente pensar na cidade”.

O político vê o problema do lixo como uma questão conjuntural que leva um tempo para se resolver.

Hoje, o Diário Oficial do Recife deve trazer o edital da licitação para contratação da nova empresa prestadora do serviço de coleta.

Atualmente, mais de 70% dessas atividades são realizadas pela Qualix por meio de dispensa de licitação.

O contrato anterior venceu no início de janeiro, quando o município não tinha concluído a concorrência.

Naquela época, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) tinha questionado o edital do certame.

Sobre as manifestações dos servidores públicos, o prefeito respondeu que “o processo de greve faz parte da luta dos servidores”.

Além disso, nega a existência de um clima de insatisfação com a prefeitura. “Espero que até a segunda ou terça todas as negociações estejam concluídas”.

João da Costa avisou que não será possível dar reajuste para todos os funcionários públicos, mas para algumas categorias. “A cidade está recebendo menos dinheiro por causa da crise econômica, mas estamos reduzindo as despesas.

A gente tem que dar reajuste para o servidor, mas pensar no povo também”.