Da Agência Estado O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, negou nesta quarta-feira, 27, que a recente entrada de dólares no Brasil tenha sido gerada por um movimento de investidores estrangeiros interessados em aproveitar a diferença entre a taxa de juro praticada no Brasil e em outros países, a chamada arbitragem. “Não.
Os números mostram que, até agora, a entrada de dólares tem sido gerada pela retomada do crédito, aumento do investimento em bolsa e IED (investimento estrangeiro direto)”, disse ao responder a um parlamentar da Comissão Mista de Orçamento que questionava se o patamar atual da Selic, a taxa básica de juros da economia, seria o responsável pela atração de dólares nas últimas semana. “Isso não é resultado de diferencial de taxa de juro”, reforçou.
O presidente do BC negou as ideias que sugerem o uso da taxa de juro como fator para influenciar a oscilação da taxa de câmbio. “A experiência mostra que não dá para ter equilíbrio interno e externo ao mesmo tempo.
Não é a taxa de juro que vai dar equilíbrio externo”, afirmou.
Meirelles defendeu que a adoção de câmbio flutuante “preserva o equilíbrio externo”.
Na avaliação de economistas, eventuais desequilíbrios das contas externas podem ser compensados pelo câmbio flutuante.
Meirelles também afirmou que uma eventual fixação da taxa de câmbio geraria desequilíbrio das contas internas. “Imaginem se tivéssemos câmbio fixo, onde a Selic teria ido”, questionou os parlamentares ao lembrar da alta do dólar no auge da crise financeira, no fim do ano passado.
IOF Ao comentar a recente apreciação da moeda brasileira, Meirelles afirmou que existe um “fenômeno mundial de desvalorização do dólar”.
Meirelles destacou que o real subiu 2,4% em relação ao dólar desde 8 de maio e o euro avançou 2,7% frente à moeda norte-americana no mesmo período.
O presidente do BC afirmou ainda que um eventual problema gerado pela entrada maciça de dólares no País poderia ser enfrentado com a fixação de alíquotas de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A afirmação foi feita em resposta a um parlamentar que questionou sobre as alternativas que a autoridade monetária teria para tentar impedir que a entrada maciça de dólares gerasse problemas na economia brasileira, como para os exportadores. “O Brasil já usou uma opção que era o IOF.
Se em algum momento for necessário, este é um instrumento que poderia ser utilizado.
Não estou dizendo que vamos usar”, afirmou Meirelles, ao defender que eventuais problemas gerados por excesso de ingresso de dólares devem ser atacados de forma “direta” e não com o uso de instrumentos como a quarentena, opção citada pelo parlamentar na pergunta.
Ele rechaçou o uso de medidas para controlar a taxa de câmbio. “Não existe sucesso de controle do câmbio.
As tentativas de manipulação feitas pelas autoridades monetárias não são bem-sucedidas”.