Por Fernando Castilho, da coluna JC Negócios Com o todo respeito que merecem os prefeitos, mas o acordo que Recife fez com Jaboatão para desapropriar o aterro sanitário da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTR Candeias), ao lado do lixão da Muribeca, pode ser bom para Jaboatão, melhor para a empresa que receberia indenizações por investimentos e ressarcimento de lucros cessantes, porém muito ruim para o Recife, que já gastou R$ 1,2 milhão num aterro público (vizinho ao privado), embargado pela Prefeitura de Jaboatão.

Porque ele remete a pergunta sobre quem vai bancar a indenização do projeto?

Pelo que foi divulgado até agora, existe sim a disposição de Jaboatão de pagar a indenização, mesmo que o aterro hoje já receba todo o lixo produzido no município e que não haja dinheiro para a indenização no orçamento do município.

Também não houve uma defesa firme da empresa (mesmo com o futuro do negócio comprometido), afirmando apenas não ter sido procurada, mas que está disponível para discutir a melhor solução.

Assim como seria difícil explicar porque Recife, que teria o controle de um aterro público e onde já investiu recursos, aceitaria uma conta de um empreendimento fora de seus limites.

O governo do Estado pagaria a conta?

O que não parece claro no acordo entre João da Costa e Elias Gomes é porque se indenizar um aterro com a capacidade de apenas 500 toneladas/dia (e licenciado para 20 anos) para que receba 2.500 toneladas/dia quando outro aterro vizinho já começou a ser feito teria essa capacidade.

E que não se destaque no debate o fato de como um aterro feito para 500 toneladas/dia, e desenhado para 20 anos, passe a receber 2.500 toneladas/dia reduzindo sua vida útil para apenas quatro.

O que nos leva a questão: E depois desse período, um novo aterro não teria que ser construído? » Destino final é desafio de toda RMR O problema que Recife enfrenta para um destino do lixo remete a um desafio maior: onde sua região metropolitana colocará seu lixo num horizonte maior que 20 anos?

Hoje, os aterros licenciados pela CPRH (inclusive o CTR Candeais) têm capacidade de recepção de até 20 anos.

Mesmo o projeto Recife Energia, que prevê a capitação de recicláveis, ainda prevê o depósito de 1.500 toneladas/dia.

O que significa a necessidade de ações para alongar a vida útil dos aterros. » Quem gerencia Além das questão dos recursos para a indenização do aterro da CRT Candeias existe a gestão da sua gestão.

Uma vez desapropriado, quem vai gerenciar o aterro?

Já pensou se, após a desapropriação, a dona da CRT Candeias virar a concessionária da sua gestão?