Porcos são atraídos por lixo em vias públicas do Recife (Foto: Alexandro Auler / JC Imagem) De Cidades / JC Nem mesmo o mutirão de limpeza da Prefeitura do Recife, realizado no último domingo, acompanhado de perto pelo prefeito João da Costa, conseguiu livrar a cidade do lixo.
Ontem, o município, principalmente a Zona Norte, alvo da operação emergencial, amanheceu com a mesma paisagem dos últimos três meses: sacos de lixo por todos os lados.
A coleta apresentou falhas mais graves nos bairros de Santo Amaro, Água Fria, Torreão e Casa Amarela.
Na comunidade do Coque, na Ilha Joana Bezerra, nas proximidades do Fórum do Recife, área central da cidade, a sujeira acumulada impressionava.
Na Zona Sul, a situação estava melhor.
Cinco viaturas de fiscalização da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) percorreram os bairros onde o mutirão foi realizado.
Na Estrada Velha de Água Fria, os fiscais se depararam com detritos acumulados na calçada.
Imediatamente, acionaram a Qualix, empresa responsável por 75% do recolhimento de lixo na cidade.
O cheiro no local era insuportável. “Os clientes chegam aqui ao armazém e logo vão embora.
Eles não suportam o cheiro forte. É horrível.
Não sei o que aconteceu.
Aqui, nunca foi assim.
A coleta era normal, mas ficou péssima”, explicou a vendedora Zenilda Gonçalves.
Na Rua do Sossego, no trecho localizado no bairro de Santo Amaro, moradores informaram que, há dois meses, o recolhimento de lixo não segue um padrão.
Ontem, os detritos estavam no meio da rua. “Esse mutirão não passou por aqui não.
Até o fiscal da prefeitura reclama, aciona o caminhão de lixo e não adianta de nada. É um absurdo.
Hoje, mesmo com esse lixo todo, ainda não é o pior dia. Às vezes, os carros precisam desviar do monte acumulado”, contou o vendedor ambulante José Genoíno.
No Morro da Conceição, na Zona Norte, o recolhimento foi criticado pelos moradores. “Aqui nunca tivemos problemas, mas hoje a situação está péssima.
Não sei o que aconteceu”, afirmou o comerciante Augusto dos Santos.
O presidente da Emlurb, Carlos Muniz, declarou, na noite de ontem, que ainda não havia feito uma avaliação a respeito do mutirão.
Ele assegurou que a operação emergencial será repetida no próximo domingo.
A crise do lixo já dura três meses.
Segundo a prefeitura, faltou planejamento e manutenção da frota de veículos.
A Qualix presta serviço ao Recife desde 1985.
Anteriormente denominada Enterpa Ambiental, foi adquirida pelo Grupo argentino Macri em 1998.
Com 12 filiais no Brasil, responde a processo em alguns lugares, como Goiânia (GO) e Distrito Federal, bem como é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em Cuiabá (MT).
Em Goiás, a Qualix está no centro de investigações não somente por danos causados ao meio ambiente na administração do aterro da capital, como também por questões de improbidade administrativa.
Ontem, a Qualix não se pronunciou sobre o assunto.