Do site da CNI O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, classificou como insuficientes as justificativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para os elevados spreads (diferença entre as taxas que os bancos captam e as que cobram do tomador do crédito) praticados no país.
Os questionamentos foram feitos ao depoimento sobre o spread do economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, em audiência pública nessa quarta (20), conjunta das comissões da Câmara dos Deputados de acompanhamento da crise na indústria, no comércio e na agricultura.
A audiência, de que participaram, além da Febraban, seis dirigentes de bancos e de uma consultoria, foi sugerida por requerimentos de Monteiro Neto e de outros três deputados integrantes das comissões.
Sardenberg disse que, na composição do spread, 40% se deve à inadimplência, quase 20% à tributação nas operações financeiras, 14% aos custos administrativos, 4% aos depósitos compulsórios recolhidos pelos bancos ao Banco Central.
Enfatizou ser questionável a maioria das comparações feitas entre os spreads cobrados no Brasil e em outros países, por não levarem em consideração, segundo ele, características das diferentes economias. “Há falta de elementos fundamentais para análise completa da questão do spread”, atalhou Monteiro Neto, logo após o depoimento do economista-chefe da Febraban.
Alinhou entre os componentes não mencionados na audiência pública e que, na sua opinião, influenciam a formação do spread, as receitas das tarifas bancárias - que, de acordo com o presidente da CNI, cobrem a folha de salário dos bancos -, a margem de lucro, a concentração bancária. “Se houver desoneração tributária nas operações financeiras, em que medida isso influenciará na queda do spread?
Ou essa desoneração não será apropriada pelos bancos?”, indagou.
O presidente da CNI destacou ser “estranho e inimaginável” o questionamento de Sardenberg às estatísticas comparativas entre os spreads brasileiros e os de outros países.
O economista-chefe da Febraban comprometeu-se a enviar os dados reclamados por ele.
Monteiro Neto enfatizou que a participação do crédito no Produto Interno Bruto (PIB) é baixa no Brasil, em torno de 40%, ao contrário da maioria dos países, o que demonstra haver “um imenso espaço” para o crescimento dos empréstimos. “O sistema financeiro privado deve ter uma compreensão melhor do papel que tem a cumprir.
O país precisa avançar na criação de um ambiente financeiro menos hostil, em que os bancos passem a ser verdadeiros parceiros da produção”, conclamou o presidente da CNI.