JOÃO LIXÃO: A VOZ DOS RECIFENSES QUE TENTARAM CALAR NA CÂMARA Por Priscila Krause , no site www.blogdepriscila.com.br A incompetência crônica da Prefeitura do Recife para solucionar o problema da coleta do lixo não é novidade para ninguém e, democraticamente, “contempla” moradores pobres, ricos e remediados.

O autoritarismo do PT, também, não é fato novo: está inscrito no DNA stalinista.

Na sessão de ontem na Câmara dos Vereadores estes dois elementos se encontraram e produziram uma das mais medonhas tentativas de cerceamento à liberdade de expressão já vistas na Casa José Mariano: a histérica proibição da entrada do boneco João Lixão no plenário.

João Lixão foi uma criação nossa para demonstrar o estado de total indignação que tomou conta da população recifense – mais uma vez: independentemente de classe social – com relação à coleta (?) de lixo na cidade.

Um simples boneco que, calado, fala por milhares de pessoas que hoje vivem em meio ao lixo.

E foi essa voz potente, ainda que muda, que a presidência da Câmara proibiu de ser ouvida no plenário, sob o estapafúrdio argumento de que estávamos “faltando com respeito” à Casa.

Só pode ser mais uma das pegadinhas do PT.

Usemos a velha e boa lógica para tentar entender a situação.

Uma Prefeitura que claudica diariamente na resolução do problema da coleta de lixo.

Uma cidade onde milhares de pessoas sofrem diariamente com dejetos deixados às suas portas, acumulando sujeira e doenças, tornando a nossa bela cidade um lugar feio e triste.

Então, no simples exercício parlamentar de denunciar esse estado de coisas, recorremos a um boneco e somos acusados de “falta de respeito”?

Um pouco de atenção aos fatos mostra claramente quem está desrespeitando quem.

A proibição da entrada do nosso João Lixão no plenário da Câmara tem uma e apenas uma interpretação: tocamos no âmago da questão, expusemos o caráter inoperante, vacilante e escorregadio da gestão do PT à frente da Prefeitura.

Suportar aquilo que, em épocas não muito distantes, os petistas eram pródigos em fazer é demais para suas consciências.

E o que aconteceu ontem foi coisa típica da grave doença da intolerância..

Que triste ouvir isso de ex-sindicalistas, ex-militantes de “movimentos sociais”, em suma, gente que professa aceitar o princípio do diferente, do contraditório, mas que se revela irmanada com o conceito de liberdade que seus ídolos implantaram – e que os vivos ainda implantam a ferro e fogo – nos países que comandam.

Fomos ontem vítimas de uma arbitrariedade.

Nós e a população inteira do Recife.

Quanto a João Lixão, podem ter certeza de que ele voltará.

Ontem ele foi barrado no baile mas não foi calado, pois fala por milhares de recifenses.

E essa voz não se cala porque não teme o argumento da força.