Por Roseane Albuquerque, da Rádio Jornal em Petrolina Famílias acampadas nas imediações do projeto Pontal Sul, a cerca de 35 quilômetros do centro de Petrolina, sertão do estado, devem promover esta semana, uma mobilização com o objetivo de chamar a atenção para a realidade em que vivem.
O alerta foi dado ontem pelo dirigente regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Florisvaldo Araújo.
Durante cerca de uma hora e meia da manhã desta segunda, cerca de 120 manifestantes provenientes do acampamento bloquearam a BR 428 (que liga Petrolina a Lagoa Grande), na altura do KM 158, como forma de protesto pelo corte do fornecimento de água. “Estas pessoas estão praticamente sem água para consumo.
Já houve diversas tentativas de contato com a prefeitura mas até agora, o prefeito não recebeu o pessoal para nenhuma reunião.
Já se procurou a Codevasf, e até agora nem água no canal, nem em pipa.
Por isso a manifestação”, enfatizou Araújo. “Essas famílias estavam consumindo água das chuvas, mas muita gente começou a se sentir mal. É bom chamar a atenção também o fato de que o canal está se deteriorando sem água, isso talvez seja uma tentativa de desmobilizar as famílias que estão lá”, acrescentou ainda.
Segundo o representante do MST, cerca de 450 famílias moram no local e mais de duas mil estão cadastradas.
Por volta das 9h40 da manhã, a pista – que havia sido interditada com pedaços de madeira e pedra - foi liberada.
A Polícia Rodoviária Federal manteve três viaturas e oito policiais para garantir que a situação não saísse do controle. “Tentamos contato com a prefeitura e o abastecimento foi restabelecido.
Houve um pequeno tumulto, mas fizemos uma negociação pacífica de maneira a evitar problemas.
Com a chegada da PM, houve a liberação da pista”, explicou o inspetor chefe da delegacia da Polícia Rodoviária Federal em Petrolina, Jurandir Pedra Fixe.
De acordo com Florisvaldo Araújo, a próxima movimentação dos acampados terá uma ampla pauta de reivindicações. “Não existe apenas o problema do fornecimento de água.
Tem a questão da falta de assistência à saúde das famílias, quando alguém adoece, não há ajuda da prefeitura.
Enviamos ofícios ao prefeito mas até agora, ninguém disse se ele ia nos receber ou não.
E estas pessoas que estão no acampamento votaram, são cidadãs.
Também esperamos o cumprimento de um compromisso com o Incra, firmado há seis meses e até agora não foi garantido.
O momento agora é de cobrar”.
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf)- através do setor de Comunicação da 3a superintendência regional, em Petrolina – explica que a prefeitura de Petrolina é que vinha fornecendo a água para os acampados.
Segundo a instituição, as famílias não estão em área da Codevasf, mas em um espaço vizinho.
Já a assessoria de comunicação da prefeitura adianta que foi firmado um compromisso para que o carro-pipa possa ir ao acampamento do Pontal Sul duas vezes por semana.
O carro tem capacidade para 7 mil litros de água.