KENNEDY ALENCAR colunista da Folha Online Os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, fecharam um acordo para as eleições de 2010.

O principal articulador foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Segundo integrantes da cúpula do PSDB, esse entendimento deverá ser anunciado em agosto ou setembro, enterrando a possibilidade de uma prévia entre os dois potenciais candidatos ao Palácio do Planalto.

Por ora, haverá negativas, mas, nos bastidores, o acerto foi concluído.

Serra lidera as pesquisas.

E terá 68 anos em outubro de 2010.

Será sua última tentativa de conquistar a Presidência.

Ele precisa do apoio de Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país.

Sem Aécio, Serra se enfraqueceria.

O governador paulista fará todos os gestos para dar a Aécio uma saída honrosa.

Haverá um ritual de retirada da pré-candidatura mineira.

Aécio terá holofotes e a palavra dada de Serra de que possuirá um pedaço importante do eventual governo federal.

Aécio resistia a ser vice, mas pesaram alguns conselhos de FHC e uma avaliação do governador mineiro sobre o atual quadro político.

Em primeiro lugar, Serra tem mais cacife nas pesquisas.

Dificilmente esse cenário mudaria até a hora da definição.

Se Serra precisa de Aécio, Aécio precisaria de Serra para vencer.

FHC foi explícito numa conversa com o governador mineiro: uma eventual derrota para o PT poderia abrir a perspectiva de deixar o PSDB fora do poder central por 16 anos.

Afinal, um presidente do atual campo governista poderia ser candidato à reeleição.

O ex-presidente disse a Aécio que a eventual derrota tucana também seria debitada na conta dele.

Falou claramente que ele seria cobrado.

O governador mineiro tinha a intenção de ser candidato ao Palácio do Planalto com respaldo informal de Lula.

Mas o presidente da República deixou claro que o projeto Dilma Rousseff era para valer.

A opção lulista pela ministra da Casa Civil enfraqueceu a possibilidade de Aécio contar com esse aval informal.

Por último, Aécio poderia desistir e ser candidato a senador.

O atual estado do Senado mostra muito bem como anda a coisa por lá.

José Sarney que o diga.

O peemedebista acha que entrou numa fria.

Um Aécio senador não seria presidente da Casa de forma fácil.

Melhor, aconselhou FHC, seria negociar com Serra uma fatia de poder real e o compromisso de acabar com a reeleição e instituir o mandato presidencial de cinco anos.

Serra topou.

Se vai entregar se ganhar a Presidência, são outros quinhentos.