Na Folha de S.Paulo A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afastou 120 policiais suspeitos de envolvimento em crimes de extorsão, corrupção e ligação com o crime organizado.
O afastamento faz parte da política do novo secretário da área, Antonio Ferreira Pinto, há 57 dias no cargo –que está no governo desde junho de 2006, quando assumiu a Administração Penitenciária.
Dos afastados, 60 são do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) e o resto do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado).
O Denarc tem 388 policiais; o Deic, 1.173.
No Denarc, havia a suspeita de elo de policiais com o tráfico de drogas.
No segundo caso, policiais da 2ª Divecar (Delegacia de Investigações sobre Furtos e Roubos de Veículos e Cargas), divisão do Deic, acobertariam ladrões de carga.
Ferreira Pinto, 65, promotor e ex-capitão da PM, afirma que o combate à corrupção policial é uma de suas prioridades.
Ele diz que uma das hipóteses para o aumento da criminalidade neste ano são desvios da polícia –no primeiro trimestre, o latrocínio (roubo seguido de morte) subiu 36%, e o roubo de veículos, 33%. “Só poderemos ter uma polícia eficaz no combate à criminalidade se reduzirmos os índices de corrupção.
Sem citar nomes, o secretário faz referências à série de escÔndalos da gestão de seu antecessor, Ronaldo Marzagão, afastado por não conter a escalada da corrupção.
O Denarc ficou famoso por elevar o padrão da propina cobrada de traficantes para mais de US$ 1 milhão.
O megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía contou à PF, em 2007, que policiais do Denarc tomaram US$ 1,2 milhão (pouco mais de R$ 2,4 milhões), mais dois veículos, para que ele não fosse preso.
Outro caso do Denarc motivo de piada foi a prisão do traficante colombiano Ramón Manuel Yepes Penagos.
Apesar do sotaque espanhol, ele ficou preso como se fosse brasileiro, com um RG de uma mulher de Minas Gerais.
Ele disse à Polícia Federal ter pago R$ 400 mil à Polícia Civil.
Até o ex-chefe do Denarc está sob investigação do Ministério Público sob suspeita de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
Ele ganha R$ 8.000 e teria patrimônio de R$ 4,5 milhões.
Ferreira Pinto diz que “é um acinte” delegado que vai trabalhar de BMW ou Audi, carros que não poderiam comprar com seus salários –R$ 7.000 em média para os que estão há dez anos no cargo.
Ele desmontará setores especializados que considera desnecessários, como o GOE (Grupo de Operações Especiais), para reprimir rebeliões, e o Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos). “São Paulo tem até delegacia do idoso, que nada mais é que um local de castigo para policiais que entram em conflito com setores da polícia.” A reportagem não conseguiu contato com Marzagão.