Do UOL Notícias Deputados e senadores podem embolsar a verba de auxílio-moradia e gastá-la sem controle do Congresso.

Exemplos mostram que parlamentares recebem a verba, que deveria ajudá-los a alugar uma residência em Brasília, mesmo se eles tiverem casa fixa na capital.

Eles ainda podem incorporá-la ao salário para pagar prestações de uma residência própria. É uma espécie de programa “Minha Casa, Minha Vida” exclusivo do Congresso.

A verba foi criada em 1988 com caráter temporário, pelo então deputado Ulysses Guimarães.

Não havia apartamentos para todos e, assim, a verba ajudaria os parlamentares “sem-apartamento funcional” a se manterem em Brasília.

Apesar de temporária, ela continua em vigência até hoje - mais de 20 anos depois.

Em 1993, um subterfúgio foi criado pelo deputado Inocêncio Oliveira (atualmente no PR-PE) para que os congressistas pudessem incorporar esse benefício ao salário sem emitir recibos.

O novo parágrafo da norma, adicionado na época, diz o seguinte: “A não-comprovação da despesa, a partir de 2 de fevereiro de 1993, implicará desconto do imposto de renda, na forma da lei.” Ou seja, os deputados poderão receber a verba mesmo sem apresentar recibos de aluguel.

Na Câmara dos Deputados, essa verba é de R$ 3.000 mensais.

No Senado, ela é de R$ 3.800.

Alexandre Silveira (PPS-MG) é um exemplo de como essa verba pode ser usada pelos deputados.

Ele incorporou a verba ao salário e compra um apartamento, localizado em área nobre de Brasília, em prestações.

O edifício Biarritz, no centro de Brasília e a dez minutos do Congresso, tem apartamentos de 44 m², avaliados em até R$ 360 mil a unidade por corretores. É uma dessas unidades que Alexandre está comprando.

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