O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse hoje, em discurso na tribuna, que a proposta de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um “golpe”. “O mais chocante de tudo isso é que a ressurreição do terceiro mandato chega na hora em que o Congresso Nacional enfrenta a maior crise de credibilidade da sua história”.

Jarbas lembrou que essa hipótese foi levantada pelos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados (José Sarney e Michel Temer) durante encontro com o próprio Lula. “Os motivos que movem os que defendem esta iniciativa para mim são muito claros, e vão na direção do que venho afirmando reiteradamente.

Estes senhores defendem, antes de qualquer coisa, seus próprios interesses, não pensam no Brasil, pensam em se perpetuar no poder, usufruir eternamente de todas as benesses que isso possa significar”, afirmou Jarbas.

Jarbas Vasconcelos também recorreu à ironia para justificar a movimentação daqueles que defendem a proposta: “Diante dessa perspectiva continuísta, talvez fosse mais racional restabelecer a Monarquia no Brasil, coroando o nosso atual presidente da República como ‘Lula 1º’ ”.

Para o senador pernambucano, esse tipo de articulação, no momento atual, é “mórbido e desrespeitoso” para com a ministra Dilma Roussef, pré-candidata governista à Presidência. “O ‘bode’ foi colocado na sala, como se diz lá no Nordeste, por causa do estado de saúde da ministra Dilma Roussef.

Diante das dúvidas sobre as condições reais da Ministra Dilma, a chamada base governista se apressou em retomar a bandeira golpista de um terceiro mandato.” O senador do PMDB afirmou que os índices elevados de popularidade do presidente Lula não são suficientes para justificar uma mudança dessa importância na Constituição Brasileira. “Vivemos num sistema Presidencialista, com o direito assegurado de o chefe do Poder Executivo disputar uma reeleição consecutiva. É o suficiente.

Alterar isso é querer transformar o Brasil numa “república de bananas”.

Por isso me soa absurda essa história de que a popularidade presidencial é pré-requisito”.

Apesar das críticas, Jarbas Vasconcelos deu um voto de confiança, de que o presidente Lula não trabalhará pelo terceiro mandato. “Prefiro acreditar nas palavras do ministro da Justiça, Tarso Genro, de que o presidente não tem interesse nessa discussão e nem autoriza defenderem a mudança em seu nome.

Torço para que o verdadeiro desejo do presidente da República seja concluir o seu mandato, em dezembro de 2010, passando a faixa presidencial ao seu sucessor”.