Na foto acima, o ex-vice-presidente do PT no Estado, Manoel Mattos, assassinado por grupos de extermínio com atuação na divisa de Pernambuco e Alagoas.
Por Augusto Coutinho Com todo respeito que merece o líder do Governo na Assembléia, o artigo que ele fez publicar neste blog na última sexta-feira é mais um decepcionante capítulo do festival de proselitismo político que é feito por essa gestão quando o tema é Segurança Pública.
Pelas contas do nobre deputado, Pernambuco foi um cenário de bang-bang durante um período limitadíssmo: precisamente do dia 1 janeiro de 1999 até o dia 31 de dezembro de 2006.
Antes de 1999 tudo era uma maravilha e depois de 2006, ainda de acordo com ele, instalou-se na Terra dos Altos Coqueiros o reino da paz, sob as bênçãos do Pacto pela Vida.
Infelizmente para todos nós cidadãos, a vida real se sobrepõe ao “mundo da ficção” marqueteira.
Basta ler o Diário de Pernambuco de hoje e ver que “40 pessoas foram feitas reféns numa boate” ou o Jornal do Commercio de ontem para constatar que o Pacto pela Vida é até agora um retumbante fracasso.
Digo isso, em tom de lamento, porque como pai, marido, filho e, principalmente, como homem público torço para que a violência seja reduzida em nosso Estado e a cultura de paz seja uma realidade.
A matéria do jornalista Eduardo Machado, publicada na edição de ontem no Jornal do Commercio, dá a exata dimensão desse fracasso e de como o discurso do governo sobre violência é retórica vazia.
Segundo informações do próprio Governo, cerca de R$ 2,1 bilhões foram investidos nesses três anos, a maior parte na contratação de policiais, aluguel de viaturas e equipamentos, o que desconstrói a tese governista do “menos tiros e mais inteligência” (o que, aqui para nós, é de um infantilismo atroz).
Mesmo com esse montante de recursos, a meta de 12% na redução de assassinatos está cada vez mais distante Além disso, ninguém sabe dos dados do Pacto pela Vida e mesmo seus porta-vozes mais famosos em diferentes épocas – o vice-governador João Lyra Neto, o sociólogo José Luiz Ratton e atualmente o secretário Geraldo Júlio – dificilmente aparecem publicamente para falar do programa.
Júlio, por exemplo, respondeu apenas duas das seis perguntas enviadas pelo repórter para a matéria de domingo, e por escrito!
Sabe porque?
Porque neste último ano o número de homicídios reduziu apenas 2,2% e no global o índice é inferior a 20% do projetado.
Um outro ponto que se deve levar em conta é que, na verdade, Pernambuco, ao longo dos últimos anos, vem apresentando uma grande oscilação nos índices de homicídio.
Oscilação esta que continua acontecendo.
Basta verificar as grandes variações mensais.
Na Colômbia, pelo menos duas cidades tiverem êxito no combate à violência, experiências que pude conhecer pessoalmente, em que a queda dos índices foi progressiva e constante.
Ou seja, segundo alguns catedráticos no assunto, não há nada que prove que as pequenas reduções do governo irão se manter.
Quem não se lembra do cenário aterrador em que o Governo Jarbas/Mendonça encontrou as polícias no final de 1998?
Totalmente desmotivadas, com boa parte das viaturas quebradas e sem combustível, os quartéis sem alimentação, a Polícia Militar vinda de uma greve que mergulhou o Estado no caos em 1997.
O sucesso de um governo numa área tão crítica como a Segurança é o sucesso de todos os cidadãos.
O mesmo se aplica, por mera dedução lógica, ao fracasso.
Boa vontade acredito que todos tenham e, se erram, não é por intenção.
A Oposição não está cobrando soluções mágicas para a segurança.
Até porque, já fomos Governo e sempre dissemos que a violência era um problema complexo e que exigia solução compartilhada entre esferas de Governo e articulação entre os poderes e toda a sociedade.
O que cobramos aqui é a promessa feita pelo governador diante dos pernambucanos de que bastava decisão política para resolver “num passe de mágica” a violência em Pernambuco.
Não se pode aceitar é promessa não cumprida e oba-oba político em cima do sofrimento do povo que sofre com a insegurança e evita sair de casa.
O Governo Eduardo prometeu um novo tempo na Segurança Pública.
Se não está conseguindo cumprir a promessa, pelo menos que tenha a coragem de reconhecer.
E não continuar em cima de um palanque eletrônico, tentando iludir o povo de Pernambuco, e convencer a todos que a violência da qual somos vitimas diariamente é ilusão de ótica.
Por último, uma última constatação: por falta de resultados para mostrar, o governo escalou um ator para “comemorar” o Pacto.
Só mesmo quem entende tudo de ficção, e não vive em Pernambuco, pode representar que a segurança no Estado está a mil maravilhas.
PS: Augusto Coutinho é líder da Oposição na Assembléia Legislativa e escreve todas as segundas-feiras com exclusividade no Blog de Jamildo.