No Diário de Canoas, RS Porto Alegre - Reportagem publicada pela Revista Veja na edição que começou a circular neste fim de semana caiu como uma bomba no Palácio Piratini.

A governadora Yeda Crusius (PSDB) se pronunciou na manhã de ontem para rebater as denúncias de caixa dois feitas com base em supostas gravações e uma entrevista da viúva do ex-assessor Marcelo Cavalcante, Magda Koenigkan.

A publicação denuncia a prática de caixa dois na campanha eleitoral de Yeda, que negou as acusações.

Entre os dados alarmantes apontados estariam gravações que atingiriam Carlos Crusius.

O marido da governadora, na época da campanha eleitoral, teria recebido, logo após a vitória de Yeda, a quantia de R$ 400 mil de duas empresas fabricantes de cigarro.

A quantia teria sido utilizada no pagamento de contas pessoais do casal e na compra de uma casa em bairro nobre da capital.

Uma agência de publicidade também foi acusada de custear passagens aéreas, recepções e outros benefícios aos integrantes da cúpula de campanha.

Atualmente, a empresa presta serviço de marketing ao governo estadual.

A prova principal da revista seria uma gravação feita por Lair Ferst, antigo aliado tucano, réu em processo sobre a fraude milionária do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS).A revista afirma ter ouvido 90 minutos, de um total de dez horas gravadas, em que Cavalcante, ex-representante do Palácio Piratini em Brasília e que foi encontrado morto em fevereiro passado, teria detalhado irregularidades na campanha de 2006.

A viúva de Cavalcante, Magda Koenigkan, afirmou que é verdadeiro o conteúdo das gravações feitas por Ferst e disse que o próprio marido relatou a ela os fatos.

Oposição reage a fala em abertura de CPI Os partidos de oposição reagiram aos supostos fatos trazidos pela reportagem da Veja.

O PSOL postou nota no site da deputada federal Luciana Genro, que amanhã estará ao lado do presidente estadual da sigla, Roberto Robaina, e do vereador de Porto Alegre Pedro Ruas, para se manifestar sobre o caso em nova coletiva.

A deputada estadual Stela Farias (PT) declarou que “os elementos apresentados reforçam a necessidade de instalação de CPI na Assembleia Legislativa para investigar o caso”.

O deputado estadual Ronaldo Zulke (PT) tem opinião semelhante.

Mesmo admitindo não ter lido a reportagem da Veja, o parlamentar também acredita que há motivação suficiente para uma CPI. “Não há como a Assembleia Legislativa virar às costas a isso”, enfatizou.

Segundo Zulke, seu partido esperava pelas condições políticas para obter as 19 assinaturas e assim instalar uma nova comissão parlamentar. “Alguns deputados da base aliada nos diziam que se houvessem fatos novos e comprovados, não se poderia mais evitar essa investigação sobre o governo”, garantiu.

O deputado governista Adilson Troca (PSDB) discorda de Zulke. “No Rio Grande do Sul tudo é CPI, já em Brasília nem se fala no assunto”, alfinetou.

Troca avalia que a reportagem da Veja não traz novidades e trabalharia com provas desqualificadas. “As gravações feitas pelo Lair (Ferst) não são novidade.

Ele tentou apresentar esse material para o Ministério Público para tentar delação premiada e o material não foi aceito porque não comprovava nada”, disse o tucano.

Por outro lado, Troca admite que o governo será politicamente atingido pelo novo episódio