No blog de Josias de Souza Desde que tomou posse, em janeiro de 2007, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), é assediada por denúncias.
Uma delas, a existência de uma máfia que desviava verbas do Detran gaúcho, resultou em denúncia do Ministério Público.
Corre na Justiça.
Outra, a de que a governadora adquirira uma mansão com verbas de má origem, foi investigada e desceu ao arquivo.
De resto, a governadora tucana convive com a suspeita de ter escondido um caixa dois sob as arcas de sua campanha.
O repórter Igor Paulin escutou gravações que tonificam a suspeição relacionada ao caixa clandestino.
Contou, nas páginas de “Veja”, o que ouviu.
Soam nas gravações as vozes de dois personagens que privaram da intimidade do tucanato gaúcho: o empresário Lair Ferst e o ex-servidor Marcelo Cavalcante.
Lair é um dos acusados de desviar verbas do Detran gaúcho.
Marcelo foi assessor de Yeda entre 2002 e 2006.
Coordenou a campanha dela.
Até fevereiro passado, Marcelo chefiava o escritório de representação do governo gaúcho em Brasília.
Seu corpo foi encontrado boiando no Lago Paranoá.
A investigação policial aponta para o suicídio.
Súbito, a voz do morto vem à tona nas gravações.
Foram feitas por Lair Ferst.
Registram 10 horas de conversa.
O repórter ouviu apenas um pedaço: 1h30.
Recolheu desse trecho as seguintes revelações: Marcelo Cavalcante diz a Lair Farst que Yeda recebeu dinheiro no caixa dois depois que a eleição terminou.
Relata que, terminado o segundo turno do pleito de 2006, ele próprio recolheu R$ 400 mil de dois fabricantes de cigarros.
R$ 200 mil vieram da Alliance One.
Outros R$ 200 mil da CTA-Continental.
Conta que entregou o numerário ao marido de Yeda, Carlos Crusius.
Ouvidos, executivos da Alliance One negaram a contribuição paralela.
Exibiram um recibo que atesta a transferência de R$ 200 mil ao diretório gaúcho do PSDB.
A CTA-Continental diz que não doou nem no oficial nem no paralelo.
Eis o que disse Allan Kardec Bichinho, presidente da empresa: “Se me perguntar se me pediram dinheiro, direi que sim.
Mas não levaram”.
O repórter tivera acesso às gravações faz 40 dias.
Tardou em divulgá-las porque buscava um depoimento que as corroborasse.
Obteve.
Chegou a uma pessoa chamada Magda Koegnikan.
Vem a ser a ex-companheira de Marcelo, o colaborador de Yeda que feneceu nas águas do Paranoá.
Magda conversou com o repórter de “Veja” por cinco horas e meia.
Contou que Marcelo soube da existência das gravações em novembro de 2007. “Lair [FERST]lhe mostrou as gravações e disse que as entregaria às autoridades para provar que os responsáveis pelos desvios no Detran eram integrantes do governo Yeda, e não ele”.
Segundo Magda, o companheiro caiu “em “depressão e passou a beber”.
A revista reproduz, na forma de pergunta e resposta, parte do depoimento dela.