O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco denunciou à Justiça Federal um grupo de 11 pessoas envolvidas num esquema de saques e compras fraudulentos em estabelecimentos comerciais, após clonagem dos cartões bancários dos titulares.

A denúncia foi ajuizada pelo procurador da República Luciano Rolim, num desdobramento da Operação Espelho, deflagrada pela Polícia Federal em abril, quandos foram realizados mandados de busca, apreensão e prisão em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

A quadrilha era liderada por Raimundo Nonato de Lima, atualmente custodiado no Presídio Aníbal Bruno, e Diego Joaquim Duarte de Lima, que se encontra no Centro de Observação e Triagem (Cotel).

Para a execução das fraudes, o grupo acoplava, nos caixas eletrônicos da CEF, dispositivos conhecidos como “chupa-cabra”, que possibilitavam a obtenção dos dados magnéticos e senhas dos cartões utilizados.

O processo de obtenção de senhas também era reforçado com o uso de microcâmeras.

Os dados eram repassados para cartões “genéricos”, com anotações das senhas correspondentes a partir das imagens captadas pelas câmeras.

Foi apurado, ainda, que os acusados tiravam proveito do convênio existente entre a CEF e as casas lotéricas, que permitem a realização de saques e pagamentos apenas com o uso do cartão bancário, digitação de senha numérica * sem a necessidade da senha formada por letras * e data de nascimento dos correntistas.

A data de nascimento dos correntistas era obtida por funcionários terceirizados da CEF que exerciam atividades típicas dos empregados da Caixa, o que caracteriza desvio de função, em desrespeito à regra constitucional que exige concurso público em empresa pública.

Os terceirizados Vitor Hugo Pereira Gabriel e Luciana Pereira dos Santos eram contratados pela empresa Brasília Informática e trabalhavam em agências nas cidades de Icaraí (RJ) e Niterói (RJ), respectivamente.

Os dados obtidos eram repassados a Mário Cézar Costa, conhecido como Marinho, que os encaminhava à quadrilha.

A quadrilha é acusada da subtração de valores de contas mantidas por terceiros em agências da Caixa Econômica Federal (CEF) em diversos municípios do País.

As apurações do MPF indicam que o grupo atuava no Recife pelo menos desde 2007.

Na época, Raimundo Nonato, então beneficiado por regime aberto determinado por condenação anterior, foi preso em flagrante ao instalar um “chupa-cabra” em terminal da CEF.

Os membros da quadrilha não tinham endereço fixo no Recife, hospedando-se em diversos hotéis e pousadas na cidade.

Além dos denunciados que se encontram custodiados no presídio Aníbal Bruno e no Cotel, os demais, que não estão presos, estão distribuídos entre São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal.

Os crimes atribuídos aos membros do grupo são de furto qualificado por fraude e formação de quadrilha.

Mário Cézar Costa, Vitor Hugo Pereira Gabriel e Luciana Pereira dos Santos são acusados de participação em furto qualificado.