Os médicos residentes de Traumatologia e Ortopedia do Hospital Getúlio Vargas (HGV) aprovaram a paralisação das atividades por tempo indeterminado, a partir desta sexta-feira (8).

Eles alegam péssimas condições de trabalho e de atendimento que estão submetidas os pacientes naquele serviço público.

Os residentes alertam que, a Sala de Recuperação, localizada dentro do bloco cirúrgico, cuja função é manter os pacientes para recuperação anestésica após cirurgias e, depois, encaminhá-los à enfermaria, conta hoje com 23 leitos.

O cenário não é o ideal. 23 leitos permanentes, mais 41 macas entre o corredor e as salas de cirurgias eletivas e o das salas de cirurgias de emergência.

Em documento encaminhado ao governo, os residentes denunciam que os pacientes se alimentam dentro do bloco cirúrgico e os 64 doentes dividem o mesmo banheiro (único para homens e mulheres); pacientes infectados são mantidos lado a lado de pacientes não infectados, em contato direto. “Existe o risco crescente de infecção nas cirurgias realizadas, por conta da impossibilidade de manter o ambiente de cirurgias asséptico”, afirmam. “Além disso, é gritante o número elevado de pacientes, aguardando vaga nas enfermarias (pacientes vindos da sala de recuperação e das macas nos corredores da emergência – situação crônica e bem conhecida nos hospitais pernambucanos) o que compromete o internamento e a realização de cirurgias eletivas ortopédicas”, descrevem.

Segundo os médicos, esses fatores fragilizam a qualidade do Programa de Residência Médica de Traumatologia e Ortopedia que forma a cada ano oito novos traumato-ortopedistas.

Ainda devido à superlotação no HGV inúmeras cirurgias de segundo tempo, por fraturas ou lesões complexas, acabam sendo proteladas por até 60 dias, provocando sequelas e deformidades permanentes e irreparáveis nos pacientes.

O JC de hoje deu uma página abordando o tema.

Os médicos revelam que estão indignados e cobram intervenções do Governo do Estado e da Vigilância Sanitária Estadual naquela unidade de saúde.

Eles assinalam também que se negam a continuar submetendo os pacientes às atuais condições desumanas a que eles estão expostos diariamente.

Amanhã, sexta-feira (8), às 10h, os médicos residentes fazem manifesto na rampa principal do HGV.