Do Congresso em Foco O Senado pagou 26 passagens para quatro personagens envolvidos nas denúncias que resultaram na queda de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência da Casa em 2007.

Enquanto brigava para escapar da cassação e preservar o mandato, o senador cedeu a cota parlamentar para transportar dois assessores e um primo apontados como seus “laranjas” em empresas de comunicação.

O quarto passageiro é um veterinário apontado pelo ex-presidente do Senado como responsável pela venda de 1.700 cabeças de gado de sua propriedade.

O principal beneficiário das passagens do atual líder do PMDB é Ildefonso Antonio Tito Uchôa Lopes, primo de Renan e sócio do prefeito de Murici (AL), Renan Calheiros Filho, em um sistema de comunicação.

Tito Uchôa, como é mais conhecido, voou 13 vezes na cota parlamentar entre agosto de 2007 e novembro do ano passado, segundo registros de companhias áereas aos quais o Congresso em Foco teve acesso.

Tito Uchôa e dois assessores de Renan – Everaldo França Ferro, que voou sete vezes com a cota, e Carlos Ricardo Santa Ritta, que viajou quatro trechos – foram alvo da terceira das cinco denúncias a que o senador respondeu no Conselho de Ética ao longo de 2007.

Renan foi absolvido duas vezes pelo Plenário, apesar de o Conselho ter recomendado sua cassação.

Renan usou apenas 13 dos 271 bilhetes emitidos a partir de sua cota Sociedade em rádio Reportagem de Alexandre Oltramari, publicada pela revista Veja em 4 de agosto de 2007, acusava Renan de usar “laranjas” para comprar duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas, avaliados em R$ 2,5 milhões, em sociedade com o usineiro e ex-deputado João Lyra (PTB-AL).

Lyra contou à revista que o senador havia desembolsado R$ 1,3 milhão para se associar a ele no ramo da radiodifusão. “Ele me disse que não tinha como aparecer publicamente à frente do negócio, mas não explicou as razões.

Por isso, pediu para colocarmos tudo em nome de laranjas.

Eu topei”, disse o ex-deputado à Veja.

Segundo relatou a revista, como a Constituição proíbe que parlamentares sejam proprietários de concessionárias de rádio, o senador teria colocado Carlos Ricardo Santa Ritta, seu assessor e ex-tesoureiro de campanha, como cotista principal da emissora JR Radiodifusão.

O outro sócio escolhido, de acordo com Lyra e a revista, foi Tito Uchôa.

Santa Ritta, relatou Veja, funcionou como guardião da outorga da rádio.

De acordo com a revista, oficializada a concessão, o ex-tesoureiro repassou sua cota para Renan Calheiros Filho, que se tornou sócio de Tito Uchôa.

Na época, o primo do senador recebia um salário de R$ 1.390 da Delegacia Regional do Trabalho em Alagoas, sempre segundo a revista.

Durante a crise que paralisou o Senado, Renan chegou a anunciar a exoneração de Santa Ritta.

Em outubro do ano passado, o ex-assessor foi recontratado pelo gabinete do peemedebista.

A cota do senador foi usada por ele em voos entre Brasília, Salvador e Maceió em dezembro de 2007 e novembro de 2008.

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