Por Terezinha Nunes, no JC deste sábado Todos nós que acompanhamos, com muita preocupação, o alto estágio da violência urbana em Pernambuco, fomos surpreendidos por uma notícia aparentemente maravilhosa há poucos dias: o jornal Folha de S.Paulo divulgara o resultado de uma pesquisa, realizada com base em informações do Ministério da Justiça, concluindo que o nosso Estado tinha finalmente deixado de figurar entre o 1º ou 2º lugares no Mapa da Violência do País.

Estava agora em 3º lugar, superado por Alagoas e Espírito Santo.

Num primeiro momento, tudo ótimo.

Só que, ao se analisar direito a pesquisa, se viu que não havia motivo para comemoração.

Na verdade, confrontados os números de 2005, quando 48 pessoas por cada grupo de 100 mil foram assassinadas em Pernambuco, com os de 2008, quando passou a ser de 51,6 o percentual de mortes por 100 mil, o que houve mesmo foi um aumento da violência, em torno dos 10%.

O que aconteceu é que o nosso Estado só foi para o terceiro lugar porque Alagoas e Espírito Santo tiveram, no período citado, um aumento substancial nos assassinatos, passando de 37,2 para 66,2 por 100 mil habitantes em Alagoas e de 37,7 para 56,6 no Espírito Santo.

Pernambuco figura há anos entre os Estados de maiores índices de violência, portanto, os números não causam mais surpresa.

O que surpreende é que a violência aumentou apesar de o atual governo ter se comprometido a baixar em 12% o número de assassinatos há dois anos, de ter anunciando “o maior investimento já feito no setor” e ter lançado, com muito alarde, o chamado Pacto pela Vida, um nome pomposo, criado pelo professor Luiz Raton, graduado mestre da UFPE e seu comandante.

O que está acontecendo? É o que todos se perguntam e o que deve estar passando também pela cabeça do governador que, muito mais do que seu antecessores, será cobrado pela população por ter vencido uma eleição explorando na campanha a questão da violência e prometendo resolvê-la.

E que, não satisfeito, passou, depois de eleito, seis meses batendo na gestão anterior, falando em herança maldita e apregoando que a violência não tinha se reduzido porque tinha faltado vontade política para tal.

A violência urbana, todos agora já sabem, não se combate com boas intenções, com discursos e nem tão somente com investimentos no aparelho policial.

Parece cada vez mais claro, e foi que faltou na elaboração do Pacto pela Vida – cada vez mais claudicante – que o melhor exemplo a ser seguido é o da Colômbia.

Investimentos maciços nas áreas carentes que devem receber escolas, hospitais e demais serviços urbanos de alta qualidade para daí expulsar os traficantes de drogas que aliciam jovens para o crime e depois os matam, sem dó nem piedade.

Além, é claro – e isso também foi feito na Colômbia – de uma combinação perfeita de ações entre os diversos níveis de governo – municipal, estadual e federal.

Pois bem, o atual governador apregoou na campanha e continua dizendo que Pernambuco nunca contara antes com uma combinação tão grande entre os três níveis de governo.

O que está então faltando para que todos se juntem e enfrentem verdadeiramente a questão?

O que tem feito o presidente Lula para ajudar Pernambuco a combater o tráfico de drogas e os grupos de extermínio?

O que tem feito o Estado para efetivamente investir nas áreas mais carentes?

E a Prefeitura do Recife?

Nesse aspecto, na verdade, faltou mesmo foi largueza, ao invés de atirar pedras na gestão anterior, continuar com ótimas experiências iniciadas como o trabalho no bairro de Santo Amaro que recuperou em poucos meses jovens e crianças e acabou abandonado na atual gestão.

Criou-se um novo, diga-se de passagem, mas muito menos abrangente e que, efetivamente, não vai à raiz do problema. É mais marketing do que eficiência. » Terezinha Nunes é deputada estadual do PSDB