A deputada Isabel Cristina levou para debate na Assembléia Legislativa de Pernambuco na tarde desta quarta-feira um suposto caso de preconceito contra o povo sertanejo.
A parlamentar apresentou um estudo feito por educadores do colégio GEO de Petrolina, que após análise do livro “Caatinga: a paisagem e o homem sertanejo”, destinado a alunos do ensino fundamental, identificou na publicação a existência de informações distorcidas e imbuídas de forte preconceito contra a população sertaneja.
A publicação, de Samuel Murgel Branco, falecido em 2003, é de 1994 e já está na sua 16ª edição, sempre pela Editora Moderna.
Após vários apartes feitos por deputados ao pronunciamento da deputada Isabel Cristina, a Assembléia Legislativa de Pernambuco decidiu encaminhar um documento ao Ministério da Educação para que a publicação seja retirada da lista de livros didáticos trabalhados nas escolas do país, nota de repúdio à editora Moderna e um documento a todas as Assembléias Legislativas do nordeste dando ciência do conteúdo do livro.
O assunto é abordado em 72 páginas e traz vários dados que produzem imagens equivocadas sobre a caatinga e o povo nordestino. “O problema é que essas imagens, por serem publicadas num livro pedagógico, poderão ser consideradas verdadeiras por professores e alunos do Brasil que não conhecem a região”, relatou a deputada.
Em um dos trechos, o livro compara o ambiente úmido e de graciosos coqueiros da orla marinha, com o que ele considera “uma paisagem seca e pobre, contrastando tristemente com o panorama vivo e alegre do mar”, se referindo à caatinga.
A publicação diz que “por ser feia e agressiva a caatinga não é espaço para gente rica e supostamente civilizada morar e afirma que o sertanejo é apenas contratado pelo fazendeiro, um rico proprietário, que vive no litoral e que, muitas vezes, nem sequer conhece suas próprias terras. “Os rebanhos nordestinos são grandes.
Geralmente pertencem a fazendeiros ricos, que não vivem no sertão e sim no litoral”, afirma o autor.
Dos diversos absurdos relatados no livro, pode-se citar a afirmação de que “a jacarezada é prato típico das regiões situadas às margens do Velho Chico (Rio São Francisco) e, segundo dizem, muito saboroso”, não havendo registros desse prato típico da região e o dado grotesco de que, “como não possui automóvel, o sertanejo leva um dia inteiro transportando, sobre a cabeça ou no lombo do jegue, uma lata d’água que mal dá para saciar a sede da família”.