No JC de hoje Se a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) conseguir vencer a batalha judicial para manter o aumento médio de 6,45% na conta de luz, o consumidor poderá ver o reajuste respingar na fatura de água.
Isso porque a energia elétrica representa 30% dos custos da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e esse aumento de despesa será computado pela estatal na hora de calcular o reajuste da tarifa, previsto para setembro.
Preocupado com o impacto da liminar que permitiu à Celpe aumentar a tarifa, o governo do Estado vai entrar, na próxima semana, com um recurso no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília, na tentativa de derrubar a decisão judicial.
O presidente da Compesa e coordenador da comissão estadual que acompanha o reajuste da energia elétrica, João Bosco de Almeida, explica que o aumento médio na conta de luz da companhia poderá ser de 10%. “Isso significa dizer que teríamos um aumento de custos da ordem de 3%, porque a energia representa um terço das nossas despesas”, observa.
Com o reajuste, a fatura de energia da Compesa teria um acréscimo de R$ 1 milhão, passando de R$ 11 milhões para R$ 12 milhões por mês.
Para se ter uma idéia, o valor da conta de luz é mais alto que o da folha de pagamento da companhia.
Bosco também compara que, em cinco meses pagando o reajuste (o equivalente a R$ 5 milhões), a Compesa poderia construir uma estação de água capaz de abastecer uma cidade com 10 mil habitantes. “Apesar da crise econômica, a receita da Compesa vem crescendo em média 15%.
Se esse ritmo se mantiver, talvez a companhia possa absorver parte dos custos (inclusive o aumento da energia).
Mas ainda não sabemos como vão se comportar os demais componentes de custo até setembro (mês do reajuste) para afirmar que a luz não vai pesar”, pondera.
Ele recorda que no ano passado os produtos químicos (usados no tratamento da água) tiveram reajuste de 40% e a companhia também aumentou o gasto com pessoal, porque foi obrigada a contratar mil operadores.
GUERRA JUDICIAL Na próxima semana, a Celpe vai enfrentar na Justiça as reações tanto do governo de Pernambuco, quanto da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Na última segunda-feira, a decisão do juiz Alaôr Piciani, da 9ª Vara da Justiça Federal de Brasília, determinou que a Aneel incluísse no cálculo da tarifa da Celpe um passivo de R$ 197 milhões, que a agência reguladora tinha postergado para ser discutido no próximo ano.
Com isso, ao invés de uma queda de 4,42% para o consumidor residencial, será aplicado um reajuste de 3,64%.
Para a indústria, a situação é ainda pior, com a média de aumento passando de 4,86% para 11,46%.
Já a média geral de reajuste (para os segmentos como um todo) que seria de -1,08%, será de 6,45%.
O procurador-geral do Estado, Tadeu Alencar, explica que o governo de Pernambuco tem legitimidade para entrar com recurso na justiça.
Além de sermos consumidores, também poderemos entrar em defesa do consumidor pernambucano”, assinala, frisando que dará entrada no recurso na próxima semana.
POLÍTICA Políticos de situação e oposição aproveitaram a polêmica do reajuste da Celpe para se engalfinhar.
A deputada Terezinha Nunes (PMDB) estuda interpelar os colegas Isaltino Nascimento (PT), Sérgio Leite (PT) e e Luciano Moura (PC do B) pelas críticas que recebeu ao comentar o reajuste na Assembléia Legislativa, conforme revelou com exclusividade o Blog de Jamildo.
Os governistas chegaram a dizer que a parlamentar parecia integrar a bancada da Celpe.
Ontem, Leite anunciou que vai organizar uma série de mobilizações contra a Celpe no Estado.
Tadeu Alencar anuncia recurso contra liminar da Celpe para a próxima semana