A crise externa derrubou a atividade da indústria brasileira.

No primeiro trimestre deste ano, a produção caiu para 36,1 pontos, o pior nível desde 1999.

Com isso, a utilização da capacidade instalada recuou para 68%, o mais baixo nível desde 1999.

O emprego também caiu e ficou em 39,2 pontos, informa a Sondagem Industrial do primeiro trimestre, divulgada hoje pela Confederação Nacional da indústria (CNI). “O desempenho da indústria no primeiro trimestre de 2009 foi ainda pior que o registrado no ultimo trimestre de 2008”, diz a pesquisa.

O estudo revela que os efeitos da crise internacional se intensificaram no início deste ano em todos os portes e atividades industriais.

Todos os 27 setores da indústria de transformação pesquisados e a indústria extrativa diminuíram o número de empregados.

Com exceção da indústria farmacêutica, as demais atividades reduziram a produção.

Os setores cuja produção teve maiores quedas foram os de madeira, em que indicador recuou para 21,2 pontos, e o de metalurgia básica, em que o indicador caiu para 21,7 pontos.

De acordo com a pesquisa, os indicadores variam de zero a cem.

Números abaixo de 50 indicam evolução ou perspectivas negativas.

A Sondagem Industrial mostra ainda que as empresas continuam encontrando dificuldades com os financiamentos.

O indicador de acesso ao crédito ficou em 32,4 pontos no primeiro trimestre do ano e acumula uma queda de 15,2 pontos em relação ao mesmo período de 2008.

Conforme a pesquisa, as dificuldades de acesso ao crédito e os estoques altos comprometeram a situação financeira das empresas. “O índice de satisfação com a situação financeira registrou o terceiro recuo consecutivo e situou-se em 43,3 pontos.

O valor é 3,1 pontos inferior ao registrado no trimestre anterior”, informa a Sondagem Industrial.

As empresas também enfrentam a retração do consumo. “A falta de demanda foi escolhida como um dos três principais problemas por 56,4% dos empresários de pequenas indústrias, 49,7% de médias e 48,3% de grandes empresas”, afirma o estudo.

Os outros obstáculos à expansão dos negócios citados pelos industriais são a elevada carga tributária e o acirramento da competição.

Apesar da retração registrada no primeiro trimestre de 2009, as estimativas dos industriais em relação ao desempenho da economia nos próximos seis meses são menos pessimistas.

O indicador de perspectiva de demanda subiu de 39,7 pontos no último trimestre de 2008 para 48,3 pontos no início deste ano.

Também melhoraram as expectativas em relação ao emprego, cujo indicador subiu de 40,5 pontos para 44,8 pontos, e as previsões de compra de matéria-prima, que passou que 38,9 pontos para 46,9 pontos entre o último trimestre de 2008 e o primeiro trimestre deste ano.

Mas as previsões para as exportações continuam caindo.

O indicador de expectativa de exportações recuou de 41,7 no último trimestre de 2008 pontos para 39,8 pontos agora. É o menor valor desde janeiro de 2002.

A Sondagem Industrial foi feita entre os dias 1º e 27 de abril, com 1.329 empresas.

Dessas, 740 são de pequeno porte, 386 são médias e 203 são grandes empresas.