Na Folha de São Paulo O deputado Eugênio Rabelo (PP-CE) bancou com dinheiro da Câmara 77 passagens para 27 jogadores, dois técnicos e três dirigentes do Ceará Sporting Club, além de parentes e amigos dos atletas e radialistas encarregados de cobrir os jogos do time de futebol.
Os bilhetes são de 2007 e foram emitidos no período em que o parlamentar presidiu o clube paralelamente ao exercício do mandato no Congresso.
O Ceará tem a segunda maior torcida do Estado, ao lado de Fortaleza e Corinthians, e atrás do Flamengo, conforme pesquisa Datafolha de 2007.
Segundo registros das companhias de aviação aos quais a Folha teve acesso, Rabelo gastou ao menos R$ 31,2 mil da cota aérea com esses bilhetes.
Em pelo menos dois casos, os bilhetes coincidem em data e destino com partidas do Ceará, atualmente na Série B do Campeonato Brasileiro.
Há passagens do dia 4 de agosto de 2007, no trecho Fortaleza-Brasília-Fortaleza.
Naquele dia, o Ceará jogou contra o Brasiliense, tendo perdido de 3 a 2.
Também há bilhetes no mesmo trecho nos dias 2 e 3 de outubro daquele ano.
No dia 3, o Ceará jogou em Brasília contra o Gama.
Mais uma vez perdeu, por 4 a 2. “Teve alguns jogadores que eram meus amigos na época, que eu dei passagens a eles”, admitiu o deputado cearense.
Entre os beneficiários dos bilhetes, estão o apoiador Barbieri, o volante Felipe, o atacante Warlley Moreira e o meia Thiago Almeida.
Esses jogadores não estão mais no Ceará.
A Folha entrou em contato com três assessores do clube, mas nenhum dirigente ligou de volta.
A reportagem não conseguiu localizar os atletas.
Outro que viajou com passagem da cota de Rabelo é Marcelo Vilar, na época técnico do time e hoje no comando do Treze, de Campina Grande (PB).
Ele disse à Folha que não sabia tratar-se de bilhete pago pela Câmara.
Marinheiro de primeira viagem no Congresso, Rabelo se elegeu em 2006.
Ele presidiu o Ceará por dois anos e dois meses, entre janeiro de 2006 e março de 2008.
Após uma sucessão de derrotas, ele deixou a presidência do clube sob ameaças. “Não havia mais como aguentar essa pressão.
Estou sendo muito humilhado.
Na última sexta-feira, chamei meu filho para assistir ao jogo do Ceará e ele me falou que não ia, pois não queria ver ninguém me xingando”, disse ele, chorando, em uma entrevista à TV Diário, no dia 12 de março do ano passado.