Reinaldo Azevedo, em seu blog Afirmei e reitero que repudio a baixaria.
Porque sei a que níveis essa gente pode descer.
Sei, entre outras razões, porque eu próprio sou alvo de ataques nessa área.
Eles não têm limites, seja para atingir alguém que consideram adversário, seja para exaltar supostas virtudes de seus ídolos.
A doença que serve ao achincalhe num caso vira motivo de júbilo no outro.
Se pedirem a um orangotango que escreva um tratado moral, seu nível de elaboração e profundidade será certamente superior àquele de que essa gente é capaz.
Proibi e proíbo a estupidez.
MAS NÃO AFIRMEI QUE PARARIA DE PENSAR.
Ou de considerar as implicações políticas da doença da ministra Dilma Rousseff ou como o fato seria usado na equação eleitoral.
E o uso é evidente já desde o anúncio da moléstia, num evento preparado por Franklin Martins.
Reconhecer que o câncer de Dilma transformou-se numa commodity eleitoral não lhe tira nem lhe dá gravidade.
Também não avilta o drama pessoal da ministra.
Nem lhe confere especial nobreza.
Lembram-se?
Doenças não nos ensinam nada.
Em muitos aspectos, o que escrevi sobre as implicações eleitorais da moléstia de Dilma não difere do que escreveu toda gente, até mesmo o jornalismo mais servil, mais sabujo, mas puxa-saco.
E a patrulha certamente não foi torrar a paciência dos tocadores de tuba e outros instrumentos de sopro do petismo.
Os tontos-maCUTs vieram encher o meu saco: “Não resistiu, né?
Disse que não faria exploração política do caso, mas fez”.
Exploração política é usar a doença como uma espécie de resposta ou punição que lhe estaria sendo aplicada por Deus ou pelo destino por conta de eventuais ações condenáveis do passado.
Exploração política é chamar o câncer de “mais um desafio da ministra”, como se fosse, sei lá, mais uma etapa de sua luta política: “Colina, VAR-Palmares, tortura, PT, PAC, câncer, Presidência”.
ISSO, SIM, É VIGARICE POLÍTICA.
O câncer é um “desafio” do indivíduo Dilma Rousseff.
E isso tem de ser respeitado, ainda que seus áulicos não respeitem, entendem?
Refletir sobre as implicações políticas da doença, especialmente depois que ela deu uma coletiva, preparada por Franklin Martins, ministro da propagada, é uma obrigação de quem escreve sobre política.
E eu escrevo sobre política.
Parte da imprensa se deixa patrulhar por esse clima de abafa dos petralhas — os gatos pingados se fingem de legião, como os demônios.
Que se danem!
Até parece que, porque, sabidamente, não tenho simpatia por aquilo que Dilma representa, deixarei o “assunto público Dilma Rousseff” apenas para seus apoiadores e apologistas.
Mas não mesmo!
O que não passará é desrespeito com a condição de quem enfrenta um desafio.
E, nesse particular, Dilma teria a minha solidariedade ainda que a dispensasse.
O fato de que torcer, mesmo!, para que ela enfrente e vença o câncer não me impede de reconhecer que se começou a construir a figura da guerreira que enfrentou e venceu ATÉ o câncer.
Não é assim porque eu quero. É assim porque é um dado da realidade, como bem sabem Dilma Rousseff e Franklin Martins.