BRASÍLIA - O maior dos problemas do ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal não é de relacionamento pessoal, apesar das palavras usadas no bate-boca com o presidente da corte, Gilmar Mendes.

Oriundo do Ministério Público, Barbosa não gosta que o Judiciário conteste as ações dos procuradores e da Polícia Federal e acha que o STF é uma corte de ?proteção dos ricos?.

Mendes, Cezar Peluso, Carlos Alberto Direito, Eros Grau, Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia formam uma maioria absoluta que isolou Barbosa ao adotar uma linha em defesa dos direitos individuais e contra a ideia de que a PF e o Ministério Público podem investigar e processar à vontade, mesmo atropelando a lei, em nome de uma ?ação justiceira contra os ricos, empresários e poderosos em geral?.

A ação do STF, comandada por Mendes, tem combatido, por exemplo, o que a maioria dos ministros considera ?decisões abusivas? na decretação de prisões preventivas e temporárias, nas operações da PF.

O bate-boca de quarta-feira explicitou a divisão dentro do STF e o verdadeiro conflito: a existência de um juiz disposto a exercer o ofício com base no chamado clamor popular.

Para a maioria dos ministros, Barbosa reafirmou essa posição ao dizer a Mendes que ele não está em sintonia com as ruas, devendo, portanto, se pautar pelo sentimento popular.

Barbosa se sente desprestigiado e desrespeitado e queixa-se frequentemente de perseguição e da maneira como é tratado pelos colegas da corte, e não apenas por Mendes.

O ministro é visto pelos colegas mais como um ?procurador? e menos como um ?jurista?.

Por isso se irrita sempre que é contestado e tem supostos erros conceituais expostos.

As informações são do jornal O Estado de S.

Paulo.