Por Roseane Albuquerque, da Rádio Jornal em Petrolina Cerca de 15 obstetras do IMIP/Dom Malan, em Petrolina, sertão do estado, devem entregar seus cargos à direção da unidade de saúde nesta sexta (24).
Também é no dia de hoje que se encerram os contratos -feitos através de cooperativa – entre cirurgiões, ortopedistas, clínicos e bucomaxilofaciais, com o Hospital de Urgência e Traumas.
Como se esse quadro já não fosse o bastante, de hoje a exatos oito dias acaba o aviso prévio de anestesistas do Hospital Dom Malan.
A complicada situação em que se encontra a saúde da maior cidade do sertão foi denunciada ontem em carta aberta do Sindicato dos Médicos de Pernambuco.
A categoria reclama de condições desfavoráveis de trabalho e ausência de garantias trabalhistas.
Caso não haja um acordo entre os médicos e a administração municipal, as duas maiores unidades de saúde do sertão devem ser desfalcadas em quase cem médicos e podem prejudicar o atendimento à população.
Para ter uma idéia do movimento nos dois hospitais, no último mês de março o Hospital de Traumas atendeu 5.600 pessoas e o IMIP/Dom Malan, mais de três mil (entre cirurgias, internações). “Tivemos uma assembléia na semana passada mas até agora não temos ainda uma resposta concreta da secretaria de Saúde.
Esperamos mais sensibilidade por parte das esferas estadual e municipal para melhorar a assistência nesse setor.
Petrolina é a única macro região que não conta com um hospital estadual e a gente sabe que para o município arcar com todas as despesas, é um ônus muito grande”, enfatiza um dos membros da diretoria regional do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), Osman Sarmento.
Dentre a pauta de reivindicações dos médicos estão questões como a realização de concurso público e garantia de direitos sociais. “Há colegas que trabalham há quase 15 anos, em cima de contratos informais, às vezes até de boca.
Isso é um desrespeito aos profissionais.
Se faz inadiável tomar qualquer decisão”, alerta o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Antonio Jordão.
De acordo com o secretário de Saúde de Petrolina, José Mendes Júnior, a administração municipal está atenta para a negociação com os médicos que atuam no Hospital de Traumas. “Esses são de responsabilidade direta nossa.
Vamos conversar com todos e ver como chegamos a um denominador comum.
Já os profissionais que atuam no IMIP/Dom Malan, em um primeiro momento, não temos como intervir, porque a unidade de saúde está sob a gerência do IMIP.
Agora, se eles acharem que a gente tem que entrar na negociação, faremos isso”, explica.
O secretário alega falta de recursos para aumentar o salário dos médicos.“ Recebemos cerca de R$ 5 milhões e 200 mil por mês mas temos despesas maiores do que esse valor.
Nós estamos numa situação financeira crítica e por isso mesmo pedimos a compreensão dos colegas.
Queremos resolver a situação, mas tem esse problema de caixa.
O caminho natural é um concurso público, estamos avaliando essa possibilidade”, frisa Mendes.
Já o superintendente do IMIP/Dom Malan em Petrolina, Marcelo Marques, destaca que até agora a instituição não recebeu nenhum comunicado oficial. “A partir disso é que poderemos tomar as medidas cabíveis e o caminho melhor sempre é o do diálogo e da negociação.
Esta é uma questão complexa, que envolve o financiamento da saúde pública e aguarda uma série de acontecimentos que viabilizem as negociações.
Vamos trabalhar no sentido de uma conversa para que a população não seja prejudicada”, pontua.