Cercado de jornalistas que lhe questionavam sobre as providências que o Senado vem tomando para aumentar a transparência da instituição, o 1° secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), afirmou, na manhã desta sexta-feira (24), que a Casa tem sido usada como “boi de piranha” junto à opinião pública.
Para ele, os jornalistas se concentram em apontar erros na Casa, esquecendo de irregularidades praticadas pelo poder Executivo. - O perigo está do outro lado da rua - disse Heráclito, numa referência ao Palácio do Planalto, que divide, com o Legislativo e o Judiciário, a Praça dos Três Poderes.
Quando um jornalista lhe indagou o que ele espera a partir de agora, o primeiro secretário respondeu: - Sinceramente?
Espero que vocês finalmente deixem a gente trabalhar em paz.
Há escândalos envolvendo fundo de pensão, CPI das ONGs e a gente não pode trabalhar. É bom que vocês investiguem, mas não esqueçam o outro lado da rua. É lá que mora o perigo. É desproporcional isso que vocês fazem - afirmou.
Ao ser questionado se concordava com o presidente José Sarney que o Senado está sendo “boi de piranha”, Heráclito arrematou: - Também isso.
Na entrevista, o 1° secretário foi questionado, entre outros assuntos, sobre matéria do Correio Braziliense afirmando que o senador Magno Malta (PR-ES) e dois assessores consumiram, em apenas um ano, R$ 200 mil em diárias e passagens aéreas por conta da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia.
O primeiro secretário do Senado respondeu estar esperando que Magno Malta explique o que está acontecendo. - Não conheço o objetivo dessas viagens, tampouco os seus resultados.
Estou aguardando - disse.
Questionado se o Senado não pode se antecipar às denúncias veiculadas pela imprensa, a fim de evitar que providências sejam tomadas somente após a divulgação das matérias, Heráclito afirmou que a utilização de passagens aéreas inclui-se entre os assuntos da administração interna de cada gabinete. - Se houver denúncia sobre o mal uso de passagens, aí então nós iremos apurar.
Só podemos agir com fatos concretos.
Não podemos tomar ações preventivas.
O ato da Mesa foi bem claro.
Isso tudo vai para a Internet e quero crer também que irá a público a divulgação dos nomes - observou o parlamentar.
Ante a observação de que a Câmara decidiu submeter a Plenário as regras sobre o uso de passagens aéreas pelos deputados, Heráclito afirmou que, no Senado, já está decidido que parentes de senadores não se beneficiarão dessa prerrogativa.
E reafirmou que quem infringir as regras estabelecidas pela Casa estará sujeito ao Conselho de Ética.
Quando os jornalistas retomaram essa questão, o primeiro secretário afirmou: - Respeito muito o arquiteto Oscar Niemeyer e a sua idéia de colocar um tapete verde na Câmara e um azul no Senado.
Nós respeitamos as decisões da Câmara, mas aqui é outra Casa do Congresso.