Alma lavada Por Sérgio Goiana O episódio que resultou nesta quarta-feira (22) na discussão de elevada temperatura entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, trouxe a mais legítima opinião pública dos últimos tempos.

Há muito se observa a prepotência e arrogância do atual presidente do STF, legítimo representante dos interesses da elite brasileira, sempre se posicionando contra os interesses da maioria do povo e utilizando do seu cargo para expressar opiniões pessoais, cujo objetivo maior é de interesse de uma minoria.

O fato aconteceu durante sessão que julgava um processo sobre a Previdência pública no Paraná.

O presidente do Supremo Tribunal Federa (STF), Gilmar Mendes, indagou sobre o fato de o ministro Joaquim Barbosa ter questionado uma suposta “sonegação de informações” sobre o caso.

Barbosa disse que não fez tal questionamento e que afirmou que o caso foi discutido sem que os ministros se inteirassem totalmente quais seriam as conseqüências da decisão, foi quando começou o bate-boca entre os ministros.

Barbosa, que é relator da ação, disse que considerava a discussão encerrada e criticou o fato de não ter sido consultado sobre a proposta de Mendes para rediscutir o assunto. “Ministro Gilmar, me perdoe a palavra, mas isso é jeitinho.

Nós temos que acabar com isso”, criticou.

Em resposta ao ministro, Mendes disse que Barbosa não poderia “dar lição de moral” no plenário da Casa.

O relator da matéria disse que não queria dar “lição de moral” ao plenário, mas Mendes retrucou o colega. “Vossa Excelência não tem condições”, disse Mendes. “E Vossa Excelência tem?”, questionou Barbosa.

Os dois ministros encerraram a troca de farpas quando o ministro Ricardo Lewandowski pediu a palavra para discutir a matéria.

A dicusssão terminou depois que Lewandowski pediu vista da matéria, o que adia a sua discussão.

Finalmente, quando todos imaginavam que este era o sentimento dos ministros da Suprema corte do País, surge o então ministro, Joaquim Barbosa, que por alguns minutos, aproveitando de extrema sabedoria, verbalizou um discurso de sentimento abafado da maioria da população oprimida desta nação.

Quando na sua citação pediu respeito, me senti de alma lavada por saber que o respeito é ao povo brasileiro, a Nação, a Justiça.

A reação de Joaquim Barbosa pode estar explodindo uma crise político- partidário no Judiciário, onde Gilmar é apelidado de “líder de oposição”, trabalhou no Planalto com FHC e foi indicado por ele para o STF.

No final de todo aquele breve e intenso discurso analisamos que vale a pena ter esperança em mais este capítulo.

Vamos dar um basta a atitudes desrespeitosas em que estamos sendo apenas telespectadores e vítimas de interesses capitalistas.

Isso representa que nem tudo esta perdido, que podemos reconstruir um judiciário democrático que cumpra com o seu papel constitucional, voltando atenções para questões que atendam ao bem comum.

A um ano meio da eleição presidencial, os ânimos estão à flor da pele e, sem falar na crise econômica, a crise ética do Legislativo se complementa com o surpreendente “boca-boca” entre o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o ministro Joaquim Barbosa.

Ao vivo, em tempo real, para todo país assistir e fazer inveja aos mercadores de ilusões do Big Brother Brasil.

Sérgio Goiana é presidente da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE)