Etiene Ramos, na Gazeta Mercantil de hoje Os cariocas foram os primeiros a experimentar a Samba - Solução Alternativa para Mobilidade por Bicicleta de Aluguel.

Inaugurada no final do ano passado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, a solução está chamando a atenção de prefeituras de outros Estados e até de outros países como a Espanha e a Argentina.

Criada pela pernambucana Serttel, fundada há vinte anos no Recife e com expertise em sinalização de trânsito, lombadas eletrônicas e parquímetros como os de São José dos Campos, Taubaté e Guarulhos, em São Paulo, a Samba está sendo cortejada por uma empresa da região da Catalunha que pretende associar-se à Serttel e fechar parcerias para projetos-piloto em cidades de médio porte da Península Ibérica, devendo chegar este ano não só à Espanha mas também à Andorra e Portugal.

O passaporte da Serttel poderá ser carimbado ainda para os EUA.

No próximo mês, o empresário Ângelo Leite viaja a New Jersey para fechar contrato com a empresa Schweers Tecnology que irá prospectar negócios para a Samba em cidades americanas.

Semana passada, Leite apresentou todo o sistema à prefeitura de Buenos Aires e saiu satisfeito. “Eles ficaram felizes por ter uma solução para adotar o uso de bicicletas públicas dentro do Mercosul que permite importar nossa tecnologia e equipamentos praticamente com tarifa zero”, explicou, visualizando um mercado claro em Buenos Aires. “Há muita gente andando pelas calçadas, numa cidade plana, de clima ameno e com muitos turistas.

Nesse cenário a bicicleta oferece retorno positivo para a sociedade”.

Disposto a ganhar o mundo de bicicleta, o empresário pedala em ritmo acelerado, considerando que a largada foi dada há menos de um ano quando a prefeitura do Rio lançou edital para o projeto Pedala Rio, inspirado no modelo implantado em Paris, há dois anos, pela empresa de mídia urbana JC Du Caux que vem explorando bicicletas como outdoors ambulantes na capital francesa.

A espanhola Clear Channel chegou a ganhar a concessão do Rio para o serviço mas desistiu.

Sem mais concorrentes, a Serttel encarou a empreitada na raça e, em dois meses, desenvolveu o sistema de tecnologia para o trânsito e até a fabricação das bicicletas já que não havia nada similar no Brasil.

Foram instaladas oito estações, cada com 12 a 14 bicicletas que podem ser usadas das 6h às 22h e ajudam moradores da Zona Sul a fugir de engarrafamentos e a reduzir a poluição.

O contrato com a Prefeitura do Rio poderá render à Serttel R$ 12 milhões também com a exploração de mídia nas bicicletas nos próximos cinco anos, quando deverão estar em operação até mil bicicletas.

Por ora, são apenas 80 mas até o final do ano chegarão a 500 com a instalação das 50 estações previstas no edital.

A partir de maio, entrarão em operação 11 novas estações que irão cobrir Ipanema, a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Leblon, elevando para 19 o total de estações.

Ao investimento de R$ 500 mil, metade em recursos próprios e metade em empréstimos do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), serão acrescidos R$ 400 mil na segunda fase.

As bicicletas são feitas numa fábrica experimental aberta no bairro carioca da Lapa para facilitar a implantação do projeto.

Mas, segundo Ângelo Leite, ela poderá ser instalada em Pernambuco à medida em que forem fechados novos contratos.

A sede da empresa foi reestruturada e tem 2 mil metros quadrados construídos no Parque Tecnológico de Pernambuco, no Recife.

A solução envolve as bicicletas, as estações, a central de controle conectada a todos os pontos de aluguel, unidades operacionais que mantêm e abastecem as estações e os painéis destinados à publicidade institucional que está sendo negociada com potencial patrocinador exclusivo, que ainda não pode ser divulgado, mas que quer segurar sua marca ao marketing ecologicamente correto de uma alternativa econômica e até lúdica para o trânsito.

Os custos operacionais são reduzidos pelo modelo que usa o www.mobilidade.com.br para o cadastramento dos usuários e pagamento dos planos que são de R$ 10,00 para usar a bicicleta por um dia, R$ 30,00 por uma semana e podem ser de até seis ou doze meses.

Cadastrado, o usuário escolhe o plano, paga caução de R$ 200,00 por meio do cartão de crédito, depois vai à estação e pelo celular solicita a liberação da bicicleta.

O valor é devolvido após a entrega da bicicleta, na mesma ou em qualquer outra estação, com o desconto do período utilizado.

Para os usuários fidelizados, dos planos de seis meses, a Serttel faz análise de cadastro onde checa endereço e outros dados do futuro usuário que, além do cartão de crédito, em breve poderá usar o depósito bancário identificado, informando no site o código que confirma o pagamento antecipado.

Engenheiro eletricista pela Universidade de Pernambuco, Ângelo Leite, nascido em Petrolina, no sertão, estudou em escola pública e, depois de formado, em 1988, abriu a Serttel que hoje possui mais cinco sócios. “Este é o ano da nacionalização e até da internacionalização da Serttel.

Temos diferencial competitivo das empresas do Nordeste: baixo custo, criatividade e simplicidade para tratar com os clientes – não chegamos com arrogância e com isso vamos mantendo nossos contratos”, afirma o empresário.